Debates com o espelho

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Vereadores discursam entre si. Não seria melhor dialogar com a população?

Sessão de votação do Orçamento 2014 praticamente resume o Ano Legislativo da Câmara de Vereadores. Debates acalorados, com réplicas, tréplicas, revezamento frenético de parlamentares da oposição e da base governista para discutir governos passados e atual.
Na plateia, quase lotada por integrantes de entidades assistenciais, convocados para assistir à reunião que decidiria o tamanho da verba de cada uma para o ano que vem. Nos seus olhares o que se percebia era o cansaço do dia de trabalho e o enfado por tanta retórica política, quando o problema é tão simples.
Assim como acontece nos lares ou em grandes empresas, quando recebemos visitas, é de bom tom recepcionar os visitantes. Na sessão não deveria ser diferente, não só com saudações feitas da tribuna… Assim como os vereadores vão todos apertar as mãos de deputados que visitam a Câmara, deveriam recepcionar e dar boas vindas, principalmente aos voluntários das ONGs.
Além disto, os vereadores precisam ser mais didáticos em seus discursos, principalmente quando estão com casa lotada. Explicar melhor seus projetos e emendas, para que as pessoas percebam a importância da função legislativa.
Em muitos momentos, pareciam discursar para o espelho. Em um destes a discussão era sobre a redução da margem de remanejamento de verba do Orçamento/2014 que o prefeito teria direito sem consultar a Câmara. Foi o pretexto para cutucadas políticas contra o atual governo e os anteriores, sem levar em conta se no ano que vem, de fato, vai haver tanto dinheiro assim. E quem estava assistindo à sessão, representando as entidades, mais preocupado estava se vai haver verba para educar crianças e cuidar de idosos, no ano que vem.
Teremos mais uma sessão ordinária e, provavelmente, convocações extraordinárias. Seria interessante que os vereadores refletissem sobre o que acha a população do trabalho legislativo. Não adianta distribuição de títulos, honrarias, nomes a ruas, indicações, projetos e requerimentos, se isto nãovier de encontro a sugestões populares. Inclusive a concessão de títulos deveria ser submetida a consulta, pelo menos de um conselho composto por não políticos. Nada contra quem os recebeu, mas como a distribuição é farta, os homenageados logo vão deixar de achar que foram escolhidos por serem pessoas especiais, para pensar que foram mais um nome na lista.
Respeitamos a independência dos poderes, sobremaneira do Poder Legislativo, mas passa da hora dos vereadores reaproximaram-se da população, mesmo porque, foram os eleitores que os colocaram nos cargos por quatro anos.

Publicado na edição nº 9631, dos dias 5 e 6 de dezembro de 2013.