Avisei que não era só por R$ 0,20

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Manifestantes de Bebedouro miram revogação do projeto de contratação de assessores por vereadores.

Quando começaram as manifestações em Bebedouro, realizadas em solidariedade ao Movimento Passe Livre de São Paulo, alguns pensaram que isto pudesse ser passageiro. Porém, mesmo com a redução da tarifa do transporte público na capital, continuou a mobilização em nossa cidade, com foco diferente.
Apelidado de ‘Movimento Acorda Bebedouro’, o grupo agora quer pressionar a Câmara, para que seja revogado o decreto que permite a contratação de assessores. Aprovado, rapidamente, sem prévio debate com a sociedade, a proposta passou desapercebida por 90% da população. Mas não é que os 10% conseguiram lembrar do ocorrido…
O que o mundo assistiu na Primavera Árabe, com a mobilização popular pelas redes sociais, chega tardiamente no Brasil. Tantos os líderes das manifestações das capitais e de Bebedouro, não são filiados a partidos políticos e nem são ligados a sindicatos e tradicionais movimentos populares. E o mais interessante é que ninguém quer posar de líder, fazendo questão de ressaltar o espirito coletivo.
Estas manifestações não são contra esquerda ou direita, porque tanto o prefeito Fernando Haddad (PT), quanto o governador Geraldo Alckmin (PSDB) foram alvos de críticas. O que acontece é que as pessoas estão cansadas. Governos concedem aumentos de tarifas de transporte público, pedágios, energia elétrica, telefonia sem levar em conta o impacto no bolso. E nem trabalhadores e nem empresários estão suportando tanta carga tributária.
Em tempo de prosperidade econômica, baixa inflação, a criação de cargos de assessores para vereadores até seria tolerada. Legalmente não há irregularidade, porém, como a Câmara não gera receita e usa recursos transferidos da Prefeitura, a medida torna-se impopular. Porque neste exato momento, o governo municipal não tem dinheiro para recapeamento das ruas e nem maior investimento no Hospital Municipal. Os vereadores podem até ter direito a usar esta verba, mas neste momento, beira o egocentrismo político.

Publicado na edição n° 9563, dos dias 27 e 28 de junho de 2013.