Eis que chegou às telas do cinema do mundo inteiro ‘Besouro Azul’, longa que conta a história de Jaime Reyes, vivido por Xolo Maridueña, sua família e o escaravelho alienígena que lhe dá poderes e o transforma no herói que faz jus ao título.
O filme é repleto de clichês que o público está cansado de ver nas telas de cinema. Até ai, tudo bem. Todos, absolutamente todo e qualquer filme de super herói, em algum momento, cai na repetição e o público fica com a sensação de estar vendo a mesma coisa. Isto, no entanto, não é, nem de longe, um ponto negativo. O importante e que ‘Besouro Azul’ faz muito bem, é aproveitar as oportunidades e conseguir se diferenciar em meio a tantos clichês.
Desde que é escolhido para ser o super herói da vez, Jaime reluta para aceitar e entender, enquanto enfrenta tragédias dentro de casa e ambos os ingredientes muito bem banhados na fonte do dramalhão espanhol, fruto do diretor Ángel Manuel Soto. É assim, e somente assim, que a obra audiovisual baseada na HQ da DC consegue mostrar seu diferencial. Drama nunca é demais, quando colocado no lugar e na hora certa e, escancarado do jeito que foi no filme, ficou impecável, sem exageros ou tropeços por parte dos atores latinos que conhecem, como ninguém, este universo.
O repertório na hora de fazer um dramalhão bem feito também é importante. E não só no drama, mas na comédia também. Afinal, ‘Besouro Azul’ bebe nestas duas fontes como quem tem muita sede. E esta sede é sanada. O diretor usou e abusou de referências clássicas latinoamericanas como o ‘Chapolin Colorado’ e ‘Maria do Bairro’.
Em meio a esta receita conturbada que tinha tudo para dar errado na hora do ‘ação’, uma brasileira bastante conhecida por aqui ganha sua primeira grande chance frente ao mercado hollywoodiano. Bruna Marquezine, lançada em 2003 por Manoel Carlos em ‘Mulheres Apaixonadas’ é quase a protagonista da história. Afinal, são através das ações de sua personagem que tudo se desenrola no longa.
Por ser sua primeira vez nas telonas de todo o mundo em uma produção americana e de super herói, gênero tão cobiçado pelo público e crítica da atualidade, é surpreendente o tamanho do papel e Marquezine rouba toda cena em que aparece, especialmente nas que exigem mais de seus talentos dramáticos adquiridos graças ao seu indiscutível talento e pelas novelas brasileiras, verdade seja dita, que cômicos. Ela carrega boa parte do filme e não é apagada pelo também talentoso Maridueña. Os dois, afinal, formam uma bela dupla.
Vale a pena conferir o filme em cartaz, dar mais esta chance ao Brasil que faz seu nome lá fora e aplaudir Bruna Marquezine que consegue, muito bem, fazer de ‘Besouro Azul’, tópico importantíssimo para seu currículo, que com certeza está sendo visto com outros olhos pelos grandes estúdios, seja aqui no Brasil ou no restante do planeta.
Publicado na edição 10.784, sábado a sexta-feira, 26 de agosto a 1º de setembro de 2023