‘Renascer’ é um remake e todo mundo sabe disso e a trama criada e escrita por Benedito Ruy Barbosa em 1993 e adaptada por seu neto Bruno Luperi que estreou em janeiro, traz algumas tramas inéditas que ajudaram a contextualizar melhor algumas narrativas e alguns personagens criados especificamente para a nova versão, com conflitos que não existiam no original, mostrando a competência do autor em criar suas próprias histórias, mesmo com as limitações de estar dentro de um remake.
Zinha, personagem interpretada por Samantha Jones não existia na versão original. O que se tinha, na verdade, era Zinho, interpretado por Cosme dos Santos. A mudança de gênero é a novidade e o arco colocado na mão da atriz é o que está despertando curiosidade e colocando a história para andar em novos trilhos.
Em cenas exibidas nesta última semana, Jones encantou e emocionou em cenas em que sua personagem está em conflito com sua sexualidade, descobrindo novas possibilidades e com texto totalmente inédito. É uma personagem que tem potencial para crescer ainda mais dentro da história, se envolver em outros núcleos e até mesmo ter a sua própria história.
A atriz mostra sua versatilidade e consegue prender a atenção de quem assiste à novela. Jones atua tão bem, que Zinha, em nada, lembra Ciça de ‘Todas as Flores’, personagem da trama de João Emanuel Carneiro que se vendia para a facção do mal e era odiada pelo público. A prova de uma atriz com talento é esta, diferenciar seus personagens. Com Samantha Jones atuando, o público consegue sentir raiva e sentir emoção. É seu trabalho sendo bem executado. É, certamente, uma atriz em ascensão.
‘Renascer’ está longe de ser uma cópia da versão original e o autor avançou neste ponto de criar em cima da original, sem mudar o contexto, afinal, estamos falando de um remake. Independente da limitação para se criar em cima desta obra-prima, Bruno Luperi ousou e Zinha é a prova de que ousar, quando se sabe fazer, não tem erro.
Publicado na edição 10.827, de sábado a terça-feira, 9 a 12 de março de 2024