Antonio Carlos Álvares da Silva
Duas notícias recentes me conduziram a uma conclusão sombria: A primeira aconteceu em Bebedouro. Um motorista, que transportava alunos do Colégio Paraíso Cavalcanti, chamou a atenção de um dos alunos, por atos de indisciplina dentro do veículo. Então, aconteceu o inesperado: O menor de 14 anos de idade, atacou o motorista com golpes e, aproveitando, que ele estava dirigindo, tentou estrangulá-lo, aplicando-lhe uma “gravata”. A segunda veio do Paraná, na periferia de Curitiba. Na reunião de pais e mestres de uma escola, a professora de inglês reclamou para um dos pais de atos de indisciplina de seu filho de 14 anos. No dia seguinte, quando essa professora se dirigiu ao quadro negro da sala de aulas, para escrever a matéria, o aluno citado, munido de uma faca de churrasco, com mais de 20 centímetros de lâmina, a atacou pelas costas, deferindo-lhe várias facadas. A professora foi internada, em estado grave. Ao juntar esses dois episódios, imediatamente me lembrei, de um fato recente: O Congresso Nacional sancionou faz pouco tempo, uma lei, que considera crime, qualquer agressão de pais e mestres, contra menores, sob fundamento de corrigir e lhes impor disciplina. Está proibida inclusive a tradicional “palmada”, que os pais aplicavam em seus filhos a título de corretivo. Diante dessa situação e, considerando, que nada costuma acontecer a menores, quando praticam, qualquer inflação, não pude deixar de chegar a uma conclusão, um tanto clinica: Os maiores não podem bater nos menores, mas, esses podem bater nos maiores! E, agora, como a sociedade vai resolver esse impasse.
A questão é complexa e transborda, para muitas vertentes. Porém, uma coisa é certa: Não existe solução de curto prazo, nem qualquer medida vai resolver definitivamente o problema. Fui educado em tempo já distante, no qual a autoridade dos pais era absoluta. Cada família tinha seus critérios, mas, predominava o principio de obediência cega à vontade dos pais e o total acatamento às leis, regulamentos e até aos costumes. Mas a complexidade da vida moderna, começou afastar, cada vez mais os filhos de convívio com os pais. Nessa transição, a escola passou a ocupar, mais e mais o papel da família. Mas, os professores mais novos abdicaram paulatinamente da autoridade, que os professores mais antigos impunham a seus alunos. Não cabe, no curto espaço desse artigo tentar resolver problema tão momentoso. A solução é de longo prazo e vai exigir muitas medidas. Mas, a mais importante delas é ter sempre presente, que o problema existe e precisa ser solucionado. A primeira providência é começar discuti-lo. Porém, discuti-lo sem ideologias e idéias preconcebidas. Não usei a expressão “preconceito”, porque seu significado foi desgastado do seu sentido original.
(Colaboração de Antonio Carlos Álvares da Silva, advogado bebedourense).
Publicado na edição nº 9745, dos dias 13, 14 e 15 de setembro de 2014.