

Os fãs de ‘Justiça’ precisaram esperar oito anos para Globo produzir, filmar, editar e lançar (por enquanto somente no Globoplay), a segunda temporada da série escrita por Manuela Dias e que foi sucesso quando passou, rendendo vários prêmios. A ideia de criar quatro histórias diferentes que se cruzam ganhou nova leva de episódios e estreou na plataforma de streaming na quinta-feira (11), rendendo muitos comentários nas redes sociais e, mais uma vez, sucesso de público e crítica.
Nesta nova temporada, Globoplay traz quatro episódios por semana, igualmente como era feito na televisão aberta em 2016, a premissa segue a mesma, quatro protagonistas e quatro histórias, uma por episódio, enquanto o público vai acompanhando seus desenrolares e como as mesmas conseguem se cruzar. É a fórmula.
O primeiro episódio traz a história de Balthazar, interpretado por Juan Paiva, o jovem é preso injustamente por roubo, após seu patrão tê-lo acusado, sem provas. Neste episódio fica evidente como o racismo é forte e muito bem orquestrado no país, ainda nos dias atuais. Paiva dá show de interpretação, mostra sua versatilidade e, em nada, lembra o seu personagem atual João Pedro, no ar em ‘Renascer’, novela das 21h.
No segundo episódio, Murilo Benício e Alice Wegmann deixam o espectador sem palavras. A sobrinha abusada pelo tio e as consequências disto na cabeça da personagem Carolina é tão forte que o episódio fica o tempo todo proporcionando ao público a sensação de nó na garganta. Mais um show de atuação.
No terceiro, Belize Pombal interpreta Geiza, mulher humilde, moradora de uma comunidade que ao brigar com um novo morador usuário de drogas, quebra o som dele que há um mês incomodava a vizinhança e, para defender a filha de um ataque, o mata. Ela foge e acaba presa. Pombal deu show de atuação, em perfeita sintonia com o que pede a série, com a força dramática que ‘Justiça’ merece ter. Destaque também, neste episódio para a participação especial de Filipe Bragança.
No quarto episódio, vemos Paolla Oliveira e Nanda Costa em perfeito estado de graça. Oliveira na pele de uma mulher interessada na herança do pai, ao descobrir um meio irmão, o mata e coloca o corpo na mala do carro. Por outro lado, a personagem de Costa rouba o carro num completo momento de desespero e o crime de assassinato recai sobre ela.
Manuela Dias não perdeu a mão, segue intensa e ‘Justiça 2’ é a prova disto. Que venham mais episódios e que o assinante possa se deliciar com uma série que dá aula de roteiro, direção e atuação, além de trazer temáticas importantes e um assunto que se reflete em todos nós: ‘o que é fazer justiça’.
Se precisar apontar uma diferença entre a primeira e a segunda temporada, é que na de 2016, os personagens eram mais envolvidos uns nas histórias dos outros. Agora, um até aparece na narrativa do outro, mas as ligações não são tão fortes e nem apresentam tantos vínculos. Mesmo assim, não é ponto negativo, é apenas uma observação. A série vale a pena.
Publicado na edição 10.838, de sábado a terça-feira, 20 a 23 de abril de 2024