Patrícia Matarazzo reivindica acervo do Museu de Bebedouro

Prefeitura diz que tomará as medidas cabíveis para que o acervo cultural existente permaneça no "ocal.

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Sucesso - Desde sua reabertura em 2017, o Museu de Bebedouro tem recebido centenas de visitantes de toda a região.

A empresária Patrícia Matarazzo reivindicou o acervo do Museu de Bebedouro, que está sob gestão da Prefeitura Municipal, em parceria com o Clube Esplendor de Carro Antigo.
Em entrevista a Gazeta, Matarazzo diz que informou a Prefeitura, com 60 dias de antecedência, de que iria retirar as peças, “conforme combinado em contrato. Ninguém foi pego de surpresa. Eles já sabiam que assim que terminasse a construção de espaço que está sendo instalado em minha fazenda iria retirar o acervo que é da minha família. Não é da cidade”, diz a empresária, acusando a prefeitura de estar lhe roubando, numa gravação postada em sua rede social.
“A instalação do Museu em minha fazenda, já estava nos meus planos. Mas, estava aguardando a adesão ao projeto Chiara, que após a matéria da Gazeta, já recebeu visitação de quatro escolas municipais e a demanda não para de crescer. Meu objetivo é que os dois projetos andem juntos, sou a favor da cultura e quero que as crianças tenham acesso a ela”.
Patrícia refere-se à instalação de um Museu em sua fazenda, fora do perímetro urbano e com acesso restrito.
Matarazzo tentou retirar parte do acervo na manhã de terça-feira (25) e foi impedida pela Guarda Municipal. “Hoje, recebi uma notificação da Prefeitura de que o acervo é da cidade, mas é da minha família. Eles estão tirando o que é meu e têm até sexta-feira para regredirem ou então, decidiremos na Justiça”, diz Matarazzo, confiante que ganhará.

Em entrevista a Gazeta, o diretor do Depto. Jurídico, Caio Ilário, explica que a Prefeitura contra-notificou a solicitação da empresária Patrícia Matarazzo para a retirada do acervo.
“Esta contra-notificação foi feita antes da data de 1º de outubro, data limite (da notificação), na qual a empresária queria retirar parte do acervo. Entretanto, ela se dirigiu ao Museu de Bebedouro, em 25 de setembro, porque entende que todo o acervo pertence a ela”, diz Ilário, informando que ela não retirou nenhum bem, mas que a Prefeitura notificou o ato através de boletim de ocorrência. “Trata-se de um patrimônio histórico e cultural da cidade e para onde ela quer levar, a população não terá acesso para visitação ou para estudo científico. Esperamos resolver isto de forma amigável, porque esta sempre foi a relação da Prefeitura com a empresária”, diz Ilário.
A Prefeitura se pronunciou: “A Prefeitura Municipal tomará as medidas cabíveis para que o acervo cultural existente no Museu de Bebedouro permaneça no local. Todas as medidas visam apenas, resguardar os interesses da população bebedourense e de toda região, que tem o Museu de Bebedouro como um patrimônio histórico-cultural. Os itens que foram doados para a cidade e para o Museu de Bebedouro há décadas, continuarão à disposição para visitação pública dos bebedourenses e turistas. E alguns itens, que estão devidamente preservados, são utilizados como objetos de estudo científico, cujo acesso é necessário para difundir a pesquisa, a cultura e o turismo. O Museu de Bebedouro passou e vem passando por melhorias significativas, justamente visando preservar o acervo, a história e a cultura”, diz a nota.
Interessa nominar de quem é o acervo do Museu de Bebedouro? Se da cidade ou da empresária Patrícia Matarazzo?
O importante em um Museu é o interesse público que desperta, é a contribuição do passado frente às gerações futuras. Restringí-lo ao domínio privado é o mesmo que retirar sua razão de existir. Mas parece que pelo imbróglio, a decisão ficará mesmo a cargo da Justiça. Enquanto isso, perdemos todos.
Entenda o caso
No final de 2016, a empresária Patrícia Matarazzo anunciou que entregaria à direção do museu, após os vereadores Paulo Bola (PMDB) e Nasser Abdallah (Rede), questionarem a dilatação do prazo de concessão do local, de 30 para 50 anos.

Em janeiro de 2017, foi anunciado que o
Museu Eduardo Matarazzo seria administrado pela Prefeitura, no modelo PPP (Parceria Público-Privada).

Em 16 de março do ano passado, foi assinado termo de parceria para reabertura do Museu em dois atos. Primeiro, com a empresária Patrícia Matarazzo, deixando parte do acervo na cidade; e o segundo, com Cristiano Caon, presidente do Esplendor Clube do Carro Antigo de Bebedouro, que divide com a Prefeitura, a responsabilidade da gestão do local.

À época, após a solenidade, em entrevista a Gazeta, Matarazzo dizia estar confiante com a gestão que ora assumia: “Cumpri minha missão e estou tranquila; eles vão fazer um bom trabalho”.
O prefeito Galvão revelou que assim como Seren, chorou e teve medo que o Museu fosse embora: “Vivi minha infância no Museu, morava em frente com os meus pais. Quando houve a enchente, tinha seis anos, e lembro-me que acordei e vi um rio passando e estragando boa parte do acervo do Museu. Quando foi anunciado o fechamento do museu, me veio essa imagem. As águas tentando levar o Museu embora, mas Patrícia suportou e lutou até mesmo contra a maré”, dizia o prefeito, agradecendo o empenho da empresária, homenageando-a com certificado de contribuição.

Em 28 de maio daquele mesmo ano, o Museu foi reinaugurado, com a visitação de 15 mil pessoas.

O que será que fez Patrícia Matarazzo mudar de ideia?