A canção Disparada pode inspirar muitas vidas por esta cidade.
Em 1966, no Festival da MPB, o compositor Geraldo Vandré resolveu entregar sua composição, escrita em parceria com Theo Campos, ‘Disparada’, para interpretação de um jovem cantor, mais conhecido pelo samba, Jair Rodrigues.
A bela letra conta a história de um migrante recém chegado na capital metropolitana. Com jeito rústico e sincero do povo do interior, ele pede desculpa por sua pouca escolaridade, apenas habilidade para lidar com gado, seu sofrimento e fala de coisas que nem sempre agradam.
A canção tornou-se hino para gente como o jovem Alex Sandro dos Santos Angelo, o Leozim, migrante sergipano, residente em Bebedouro, funcionário da Casa do Pintor, atleta da equipe Bebedouro Bike Team, morto durante seu treinamento de bicicleta, por moto, na estrada vicinal Fabiano Zacarelli.
A letra pode servir para falar também de um batalhador, como o popular Rodi, dono do Bar do Rodi, defronte à praça da capela de Santo Antônio, ponto de encontro de famílias. O comerciante deixa muitos amigos, com certeza.
A música serve também para o agrônomo falecido Agenor Baptista Ramos, que do trabalho no campo tirou sustento para casar com a professora Dona Zezé (Maria José Ramos), da escola Conrado Caldeira e criar juntos, cinco filhos, três meninas e dois meninos. Faleceu tranquilo, deixando plantada uma grande família marcada por bons exemplos.
A letra também serve para resumir a luta de quem está vivo, como o aposentado Manoel Lopes, Seu Mané, um dos primeiros moradores do Jardim Cláudia I. De família migrante baiana, criou seis filhos, três homens e três mulheres, ao lado da esposa Augusta, que aprenderam sem poesia, que Deus ajuda quem cedo madruga e acima de tudo, que sempre respeitem pai e mãe.
Jair Rodrigues não é o compositor de Disparada, mas para os ouvidos de todos é como se fosse. Igual a todos os três citados, o cantor faleceu deixando milhares de fãs, não tão órfãos de sua alegria, porque deixou sua maior herança nos filhos Jair e Luciana, a alegria de cantar.
Publicado na edição nº 9695, dos dias 20 e 21 de maio de 2014.