Vereadores – Pela primeira vez em cinco encontros, projeto Gazeta/RB recebeu parlamentares de nove Câmaras da região.

Nove vereadores da região foram os convidados do 5º encontro do projeto Gazeta/RB desta segunda-feira (27), na sede da RB FM. As entrevistas, conduzidas por Fernando Galvão, ex-prefeito de Bebedouro e atual assessor do Governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, foram divididas em dois blocos.

Do primeiro, participaram Profª Lia (PTB), de Terra Roxa, Gabriel Uchida (União Brasil), de Barretos, Evandro Albino (PTB), presidente da Câmara de Taiuva, e Eduardo Gomes (PP), de Borborema. Já o segundo teve a presença de Fabinho (União Brasil), de Monte Azul Paulista, Henry dos Santos (PSDB), de Pitangueiras, Lucas dos Santos (PSDB), de Pirangi, Pepa (DEM), de Jaboticabal, e Jorge Cardoso (DEM), presidente da Câmara de Bebedouro.

O projeto Gazeta/RB surgiu com o objetivo de discutir a política regional, conquistas e melhorias dos municípios, e a interlocução com o Governo de São Paulo. Este foi o primeiro encontro com a participação de vereadores. Nos quatro anteriores, o o projeto recebeu prefeitos e ex-prefeitos da região.

Primeiro bloco

Dois blocos – Conversa com Fernando Galvão teve quatro vereadores no primeiro bloco e cinco no segundo.

 

Lia, Uchida, Albino e Gomes contaram um pouco de suas trajetórias na vida pública e depois responderam a uma pergunta de Galvão: “qual o verdadeiro papel do vereador?”. Todos concordaram que a política é um instrumento para melhorar a vida dos cidadãos e que são três os objetivos principais de um parlamentar: ouvir as pessoas, para conhecer as necessidades delas, levar ao Poder Executivo as demandas da população e buscar recursos nas esferas federal e estadual que possam beneficiar o município.

Todos destacaram, ainda, que o Governo do Estado tem ajudado muito as prefeituras, com a renovação de suas frotas e verbas para diversas áreas. Gomes agradeceu a Galvão e Rodrigo Garcia pela destinação recente de duas ambulâncias, um caminhão basculante, um caminhão-pipa, uma retroescavadeira e uma van com acessibilidade a Borborema: “Nunca houve uma dedicação tão grande do Governo do Estado como está sendo agora”.

Albino informou que Taiuva recebeu a reforma de uma escola, uma pá-carregadeira, um caminhão basculante, duas vans, duas ambulâncias, uma caminhonete para a Guarda Municipal, R$ 400 mil para a reforma de uma quadra e R$ 600 mil para serem investidos em iluminação com led.

Segundo Lia, tem havido atenção para demandas antigas de Terra Roxa. Ela destacou o recebimento de um caminhão de lixo, de uma ambulância e de uma van. E Uchida lembrou todas as entregas feitas por Garcia durante evento do programa Governo na Área em Barretos, na primeira quinzena de junho, dando ênfase à Casa da Juventude.

Trajetórias

Três deles estão no primeiro mandato. Apenas o próprio Albino está na quarta legislatura.

Lia é professora em Terra Roxa, com mais de 30 anos de experiência. Foi por meio de uma luta na Justiça para aumento do salário-base dos docentes do município vizinho que ela colocou o “primeiro pezinho na política”. É a única mulher, dos nove vereadores daquela Câmara, e tem, como uma das bandeiras, ajudar a montar uma Associação Comercial, que não existe em Terra Roxa.

Dos demais, dois foram eleitos com menos de 30 anos. Albino, que venceu pela primeira vez com 21, e Gabriel, que chegou à Câmara de Barretos com 28, depois de ter disputado uma vaga com 20 e depois com 24.

Questionados por Galvão se gostariam de ser prefeitos de suas localidades, Lia disse que pretende continuar o trabalho no Legislativo, pelo menos por mais um mandato. Uchida declarou que isso não depende apenas de uma vontade pessoal, mas de um trabalho articulado, com outras pessoas e grupos. Mas que, quando achar que está preparado, pode se colocar como opção. Albino deixou a resposta no ar, explicando que, conforme vai se envolvendo com a política, o gosto pela causa vai aumentando. E Gomes admitiu a possibilidade. “É gostoso perceber que se está sendo útil e ajudando o município a crescer”.

Pergunta da Gazeta

Tanto no primeiro bloco quanto no segundo, a diretora da Gazeta de Bebedouro, Sarah Cardoso, fez, também, uma pergunta a todos os vereadores: “Temos notado que as Câmaras se transformaram no “muro das lamentações”. Os vereadores levam queixas da população como numa aliança com seus eleitores. Não seria mais fácil apontar soluções para os problemas do que simplesmente levar queixas e apontar o dedo?”.

Lia, que é a líder do governo na Câmara, afirmou que apresenta as reclamações que recebe na tribuna, mas que sempre se preocupa em buscar as respostas para serem expostas na sessão seguinte. Para Uchida, entre as missões do vereador, está a de apontar estratégias que possam resolver os problemas. Albino disse que não vai para a tribuna se já não tiver uma resposta para os questionamentos. E Gomes opinou que o vereador deve, antes de comentar qualquer assunto na tribuna, se informar sobre o que está sendo apontado pelos moradores.

Segundo bloco

O segundo bloco seguiu dinâmica parecida. Primeiro, os vereadores se apresentaram, falaram um pouco de suas histórias e responderam à pergunta sobre o papel de um parlamentar, feita por Galvão.

Henry dos Santos, de Pitangueiras, que está em seu primeiro mandato, disse que o vereador é “a voz do povo, um curto caminho para chegar ao Executivo”. Formado em Arquitetura e Urbanismo, ele foi secretário de Infraestrutura durante seis anos, na gestão de João Andrade.

Lucas dos Santos, de Pirangi, que foi presidente por dois anos de um grêmio escolar, o primeiro passo dele para a entrada na política, e que também está na primeira legislatura, considera que uma das funções de um político é lutar pelas pessoas menos favorecidas, contando que participou de projetos sociais que buscavam recolher e doar alimentos. E acredita que, na política, possa fazer mais. “A função de um vereador é fiscalizar, correr atrás de recursos. E, na busca de recursos, Fernando [Galvão], tenho que te agradecer. Você nos abriu as portas do Palácio [dos Bandeirantes]. Acredito, também, que o vereador tem que falar pelo povo”.

Pepa, de Jaboticabal, e Fabinho, de Monte Azul Paulista, estão no quinto mandato. Para Pepa, o papel de fiscalizar é um dos mais importantes. “A população vê no vereador a voz dela”; e citou Rodrigo Garcia como um ex-deputado que abriu as portas para Jaboticabal. E lembrou que o trabalho de receber e conhecer as demandas do município é feito, atualmente, por Galvão. “A gente se sente em casa no Palácio”.

Fabinho, bacharel em Direito e aposentado como escrivão de Polícia, afirmou que sempre procurou auxiliar pessoas com dificuldades. Na primeira eleição de que participou, foi o terceiro mais votado, e, nas seguintes, sempre o primeiro. “Quem está na vida pública tem que gostar de pessoas. Eu sei de colegas que se colocam nessa posição e depois não atendem o telefone, não atendem a porta de casa. É preciso conhecer os problemas e trabalhar para que sejam resolvidos”.

Segundo Jorge Cardoso, presidente da Câmara de Bebedouro, o vereador ajuda muito o município ao conseguir recursos por meio de parcerias, já que o pacto federativo privilegia a União. “E eu tenho um orgulho imenso de ver um bebedourense [Fernando Galvão] em posição de destaque, trazendo coisas boas para Bebedouro e para região. Tenho certeza que esta história vai render frutos magníficos, com a nossa região tendo uma representatividade ainda maior no futuro”.

Muro das lamentações

Como resposta à pergunta sobre o muro das lamentações, feita pela Gazeta, Pepa disse que Jaboticabal tem ganhado muito com a parceria com o Governo do Estado. “Muitos dos problemas que a cidade tem, passam nas mãos do vereador. O que a gente tem que fazer é pedir. E estamos sendo atendidos”. Para ele, as lamentações são mais intensas quando um prefeito vai mal e, se forem qualificadas com argumentos, podem ajudar a medir a insatisfação da população.

Para Henry dos Santos, o muro das lamentações acaba sendo uma forma de dar voz aos moradores. “É na tribuna que nós mostramos a nossa força. Mas também sei apontar pontos positivos da nossa administração. Isso é trazer o cidadão para dentro da sessão, alertando ao prefeito que tal setor precisa ser melhorado”.

Fabinho, que também foi vice-prefeito de Monte Azul, refletiu que o vereador precisa sugerir medidas de interesse da sociedade por indicações. E que os pedidos acabam sendo exteriorizados na tribuna da Câmara. Mas, segundo ele, alguns vereadores focam apenas em críticas, quando poderiam estar abertos ao diálogo. “Muitas vezes, quando o prefeito está com um problema para resolver, o vereador pode ajudar, buscando verbas. Não apenas cobrando. Outra coisa é saber agradecer quando um pedido é atendido. Muitos só pedem e não agradecem”. Para ele, situação e oposição precisam conversar visando ao bem-estar da sociedade.

Lucas dos Santos, de Pirangi, entende que um vereador deve ser situação para o que é bom e oposição para o que é ruim para os municípios. “Vou para a trombeta das lamentações quando as coisas não acontecem. Imagina, em plena pandemia, proibir as pessoas de pegarem medicação? Então, faço uso da tribuna e do Facebook, que é uma ferramenta poderosíssima, para lutar pelas pessoas que mais precisam”.

Na visão de Jorge Cardoso, o muro das lamentações é uma estratégia política para atrapalhar uma gestão, por meio do travamento de pastas importantes. “Quanto mais requerimento, mais engessa aquele determinado departamento. Ainda mais quando são repetitivas, com perguntas redundantes, muito parecidas”. Segundo Cardoso, uma Câmara deve ser propositiva. “Uma oposição bem feita, que não quer jogar contra, ajuda a administração. (…) Do contrário, todo mundo acaba pagando um preço muito alto por isso”.

Quer ser prefeito?

Os cinco participantes do segundo bloco também responderam a esta pergunta. Henry afirmou que é um sonho. Não necessariamente para breve, mas não deixa de ser uma possibilidade. “Vejo uma nova política, com novas ideologias. Então, pode ser. Acredito que vou amadurecer isso”.

Pepa, que já foi candidato a prefeito, afirma que essa vontade já passou. Mas apoia aqueles que julgam estar preparados para fazer as mudanças de que a população precisa. Fabinho concorda, diz que gosta de política e que está trabalhando firme. “O futuro a Deus pertence”. Para ele, vários fatores interferem na viabilidade de uma candidatura, não apenas a vontade.  “Como o Pepa disse, é grupo. Tenho bons parceiros, como o Fernando [Galvão], parceiro aqui na região, o [deputado federal] Geninho Zuliani e teremos o Governador do Estado, que vai ser reeleito. Isso me referenda com condições melhores para tentar um cargo de prefeito”.

Cardoso falou sobre o grupo político que levou Fernando Galvão e Lucas Seren à Prefeitura de Bebedouro, disse que se coloca à disposição, mas quem decide isso é, justamente, o grupo. “Acredito que este é o melhor grupo político de Bebedouro, que tem tudo para continuar sendo um centro de apoio e referência para as cidades circunvizinhas”.

Lucas dos Santos fechou a entrevista dizendo que, se essa for a vontade do povo, há possibilidade de que seja candidato a prefeito. “Pelo amor que tenho a Pirangi”.

Publicado na edição 10.679, sábado a terça-feira, 2 a 5 de julho de 2022