Institucional

Contando a História da Gazeta

Quando Bebedouro tinha apenas 40 anos, em 6 de junho de 1924, a Gazeta de Bebedouro foi criada pelas mãos de Lucas Evangelista. Um jornalista atuante, político partidário que fez do jornal, o órgão oficial do seu partido, o Republicano. Por 16 anos esteve à frente da Gazeta que circulava aos domingos e contava com colaboradores como Elizário de Vasconcelos, seu 1º redator oficial, cel. Leal Filho, Eugenio Silva, Estácio Caldeira Cardoso e José Evangelista (seu filho). Pesquisando as edições dessa época ficamos sabendo que o calçamento de Bebedouro foi complementado em maio de 1926. Que em 1924, a cidade tinha 1.073 prédios e 142 automóveis, segundo levantamento da Secretaria Estadual de Agricultura, Comércio e Obras Públicas. Em 18 de julho de 1926, a Gazeta publicava a foto da recém-inaugurada igreja Matriz de São João Batista, noticiava a Festa do padroeiro, em junho de 1927 e em 1929, publicava o edital para construção do Asilo São Vicente de Paulo. Em 24 de julho de 1931, a Gazeta contava a inauguração do Bebedouro Clube e em 1934, a fundação da Associação Comercial.

Em 11 de agosto de 1940, uma noticia em manchete: Perda irreparável. Era o falecimento do seu diretor Lucas Evangelista.

Aí começava uma nova fase. Em 9 de janeiro de 1943, José Caldeira Cardoso adquiria a Gazeta.

Por 45 anos, a Gazeta de Bebedouro o teve como jornalista responsável. Foram anos de muito trabalho, de muitas lutas e muitas conquistas para a cidade, porque ele acreditava ser o jornal, uma ferramenta eficiente para servir a sua cidade.

Juca Caldeira, como todos o conheciam, entrou no mundo quase desconhecido do jornalismo, e usa a Gazeta como instrumento de prestação de serviços à sua comunidade.

Um homem visionário, à frente do seu tempo, que por índole e intuição já praticava, há mais de meio século atrás, o que hoje virou vantagem competitiva nas empresas modernas. Que é a responsabilidade social e a prática da cidadania. A Gazeta lutava decisivamente por grandes ideais.

Juca Caldeira vivia um verdadeiro malabarismo, cobrindo ocorrências políticas, do legislativo, notícias esportivas, sociais, numa atividade ininterrupta de manhã à noite, muitas e muitas vezes até a madrugada. Mas com uma grande vantagem: ao seu lado onipresente, empolgada pelos mesmos ideais, estava Sarah Pacheco Cardoso, sua esposa, escritora, artista plástica, espírito sensível e generosidade à toda prova.


Juntos, eles fizeram da Gazeta, uma linda história de amor por Bebedouro. Para conhecer um pouco desse amor, vale relembrar um trecho de um discurso dele, ao receber o título de jornalista emérito, em 1966. “No ano de 43 me vi à frente de um sério problema: de um lado uma tarefa que eu sabia árdua e espinhosa que exigiria de mim grande soma de sacrifícios com o peso de grave responsabilidade; de outro novas perspectivas se abrirem para a minha vida de bebedourense, trazendo-me possibilidades mais reais e mais certas para uma cooperação em prol do engrandecimento de minha querida terra. Na balança da minha consciência pesou mais este lado e eu passei então a sentir não tão árdua e espinhosa a tarefa e não tão pesada a responsabilidade.  E gostosamente acertei a incumbência da direção da Gazeta de Bebedouro”. Esse espírito é que direcionava seu trabalho.

Durante essa caminhada estiveram ao lado deles, grandes colaboradores, que se transfomaram em seus grandes amigos. Waldemar Antonio de Mello, Luiz Carnevalli, Fernando Esteves, Antonio Macota, Paulo Madeira, Osvaldo Schiavon, Frei Antonio Preto, o juiz Alcindo Ferraz Pahin, Frei Querubin Rega, Atilio Bocardo, Arnaldo de Rosis Garrido, Antonio Gamboni, João Batista Vilela, Odilon Campos Quadros, Alonyr Cardoso Amaral, Lellis do Amaral Campos, Maria de Lourdes Figueiredo, Levino Ponciano, José Ferreira Portugal, Francisco Veloso, Tibúrcio Gonçalves Filho, Franco Junior , Eugênio de Oliveira e Silva, Marilena Santin, Silvinho Pinto Sampaio, Manoel Izidoro Filho, cônego José Figuls, Eurico Medeiros, Wilson Janini, Luiz Vianna, Irene de Carvalho, entre tantos outros.

As condições de trabalho eram artesanais e o processo de impressão muito rudimentar. Primeiro manual, depois tipográfico onde a composição eram linhas de chumbo, chamada de linotipo. Eram construídas frase por frase, palavra por palavra, letra por letra, c om persistência e paciência.  Essas eram as regras para obtenção da edição impressa da Gazeta.

Os ideais foram assumidos, vividos, conquistados e defendidos com fidelidade.

Escolhemos quatro grandes campanhas encabeçadas pela Gazeta que significaram muito para a cidade. A 1ª, iniciada em 1958, visionariamente clamava pela instalação de uma faculdade. Ela chegou muito mais tarde, só em 1970, como Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Bebedouro. A luta para sua aprovação começou na gestão do prefeito Hércules Hortal e foi concluída na gestão de Sérgio Stamato. Juca Caldeira fazia parte da comissão de viabilização com Victorio Cardassi, Paulo Madeira, Adhemar Valadão de Souza e José Nogueira Vilela. Grandes amigos.

Outro engajamento da Gazeta foi a campanha para construção da Fonte Sonoro Luminosa que durou um ano. Em 24 de dezembro de 1961, a Gazeta convidava seus leitores para a festa de inauguração da mais moderna e potente fonte do Brasil, na época. O prefeito Hércules Hortal prestou então, uma homenagem ao jornal chamando-a de Fonte Sonoro Luminosa Gazeta de Bebedouro. Junto dela hoje, está o busto do jornalista Juca Caldeira, erguido após um ano de seu falecimento. Em julho de 2007, quando se completou 100 anos do nascimento de Juca Caldeira, a Gazeta lançou nova campanha para revitalização da fonte, que estava há mais de 10 anos sem funcionar. Em dezembro de 2007, foi reinaugurada a fonte numa grande festa que reuniu cerca de 4 mil pessoas na praça.

Em maio de 1962, foi fundada a Sociedade Recreativa José do Patrocínio. Outra bandeira da Gazeta. A 1ª assembléia para sua viabilidade foi realizada nas dependências do jornal, sob a presidência de Juca Caldeira que havia sido procurado por mulheres negras que sentiam o desejo de criar um clube para o lazer da comunidade negra da cidade. Formaram uma comissão: João Paulo de Carvalho, Ananias Manoel, Aparecido Ferreira dos Santos, Oduvaldo Pereira e Juca Caldeira. E o clube virou realidade, tendo completado em maio de 2012, 50 anos de existência.

Por último, vamos mencionar a menina dos olhos de Juca Caldeira e da Gazeta: A APAE de Bebedouro. Era maio de 1972 quando mães de deficientes procuraram Juca Caldeira, solicitando seu interesse para a fundação  da APAE de Bebedouro. A partir daí, Juca Caldeira estudou e através de pesquisa das próprias mães, chegou-se ao número de 60 nomes de deficientes na cidade. Esse foi o ponto de partida. Formou-se o 1º grupo: Francisco Paiva, Pedro Maia, Waldemar de Mello, frei Antonio Preto, Rubens Paixão e Juca Caldeira.  As páginas da Gazeta foram utilizadas à exaustão, diante da vontade deste grupo em erguer as paredes que abrigariam as crianças bebedourenses com necessidades especiais com o objetivo de integrá-las à sociedade. Através do trabalho e da persistência de um grupo de idealistas e a força da Gazeta, a APAE virou realidade em 16 de setembro de 1972 e por 15 anos, Juca Caldeira foi seu presidente, até seu falecimento.

Chegamos em 22 de agosto de 1988, quando a Gazeta publicava talvez uma de suas mais tristes manchetes.

Emoção, depoimentos, homenagens e a Gazeta de Bebedouro pesarosa, precisava seguir sua trajetória.

Circulando às 3ªs, 5ªs e sábados, a composição tipográfica deu lugar aos computadores e o processo transformou-se em off-set. Essa evolução custou treinamentos, contratações, reciclagens e evolução. Dentre elas, a Gazeta orgulha-se de hoje praticar organograma semelhante ao dos grandes jornais. Departamentos distintos para o jornalismo e a publicidade, fazendo uso dos preceitos e conceitos aplicados na comercialização de seus espaços publicitários, sem nenhum vínculo com seu departamento de redação, onde segue à risca as regras estabelecidas pela ética no jornalismo.

O resultado é fundamental para a manutenção da credibilidade e do  respeito dos leitores.

Para isso contribuem, a formação dos profissionais de sua redação que compõem a equipe da Gazeta, que inclui, além da formação superior, valores morais e éticos.

Em 28 de outubro de 2003, a Gazeta noticiava em suas páginas, mais uma manchete triste: “Sarah Pacheco Cardoso é referência que não morre. Bebedouro perdeu no sábado (25 de outubro), a senhora miúda no tamanho, e grande nas realizações, que permanece na memória dos que tiveram a honra da sua amizade. Como jornalista, dedicou-se por anos e anos a Gazeta de Bebedouro, dando continuidade ao trabalho e ao sonho do tão amado e respeitado marido, Juca Caldeira”.

Há 88 anos, a Gazeta de Bebedouro mantém a credibilidade e o respeito da cidade e, em especial, de seus leitores. E para integrar-se à era digital e comemorar seus 88 anos de existência, a Gazeta, a partir de 6 de junho, tem a honra de apresentar seu site oficial www.gazetadebebedouro.com.br, espaço criado com seriedade e afinco, à imagem e semelhança de sua versão impressa. A Gazeta também está presente no facebook. “Para aumentar nossa diversificação em assuntos e informação, procuramos continuamente, modernizar nossas páginas fixas, trazer novos assuntos, novas retrancas, articulistas, colaboradores, colunistas, que contribuam com suas opiniões, seus artigos, suas especialidades. Assim fazemos a Gazeta de hoje. Amanhã? São muitos os planos. E nós teimosos, persistentes e determinados”, sintetiza a diretora da Gazeta de hoje, Sarah Cardoso.