
A tônica da Câmara de Vereadores que se vislumbra é votar pedidos de cassação a cada bimestre.
Por sua linha editorial, a Gazeta vai sempre defender apuração de todos os fatos, envolvendo qualquer pessoa: pobre ou rica, política ou cidadão comum. A lei não é para ser interpretada pela conveniência, mas aplicada de forma igual para todos.
Porém, o que acontece com o atual prefeito Fernando Galvão (DEM) é no mínimo inusitado. Em apenas sete meses de governo, enfrentou dois pedidos de abertura de Comissão Processante. A forma com que os documentos são escritos deixa evidente as digitais do mesmo grupo político.
Que ninguém assuste se até o final do ano, surgir outro pedido de CP contra Galvão. E para saber o que dirão cada um dos vereadores favoráveis, basta pedir a gravação das duas sessões donde arquivaram-se os pedidos. As palavras moralidade e transparência repetem-se com tal frequência como versos de música chinfrim.
Antes de invocar os princípios da moralidade e da transparência, seria importante que os vereadores respondessem porque não abriram nenhuma investigação sobre as supostas irregularidades deixadas pela administração passada, dentre elas, a paralisação da construção da UPA, que sabidamente é investigada pelo Ministério Público.
Uma das respostas pode ser a ligação umbilical de alguns vereadores com o ex-prefeito Italiano. Alguns deles fizeram parte da administração em cargos importantes. Apesar das inúmeras suspeitas levantadas nos quatro anos, eles não abriram a boca, sequer para defender, quanto mais pedir moralidade e transparência. Calaram-se.
É impossível que erros não aconteçam em qualquer administração. O fato é analisar se há dolo ou intenção de usurpar o erário público. Em qualquer um dos casos, é preciso a punição exemplar e a adoção de procedimentos que impeçam erros venais.
Em discurso de posse, todos os vereadores prometeram lutar pelo desenvolvimento econômico de Bebedouro. Mas na prática, o que alguns pregam é a instabilidade política sistemática. Ninguém quer que abram mão do sagrado direito de investigar, como aconteceu na legislatura passada, quando a omissão saiu cara para a acidade. Mas que analisem, à luz das leis, tanto as denúncias como os denunciantes. Caso contrário, serão quatro anos perdidos no Poder Legislativo, com um padrão de denúncias tão primário que é quase impossível não igualá-lo a perseguição.
Publicado na edição nº 9584, dos dias 15 e 16 de agosto de 2013.