Anúncios publicados na imprensa bebedourense das empresas “Industria Prado de Conservas Alimentícias” e “Distilaria Tupy”, cujos produtos conquistaram o mercado consumidor local e regional durante o período em que estiveram em atividade.

Entre as décadas de 1930 e 1940 o município de Bebedouro estava em busca de novas alternativas de produção econômica que possibilitassem a superação da grave crise iniciada a partir da quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque em 1929, evento que adquiriu escola mundial, incluindo a economia brasileira, então dependente da produção e comercialização do café.

Desta forma, além de investimentos na área agrícola, com o fomento à citricultura e outras lavouras, e na pecuária, com o aumento do rebanho bovino e das áreas destinadas aos pastos, ocorreu também o surgimento de diversas empresas no campo industrial.

No entanto, geralmente eram estabelecimentos familiares de pequeno porte, voltados para o abastecimento do mercado local ou regional em várias áreas, conforme pode ser constatado nas propagandas inseridas na publicação “Bebedouro, em Revista”, de 1949.

Entre os anunciantes, podem ser identificadas empresas como Pastifício Marchesi e Refinadora de Açúcar Bebedouro, de José Marchesi; Produtos de Mandioca Peres Ltda, de Ramon Peres; Fábrica de Colchões de Fulgêncio Bignardi; Fábrica de Mosaicos Santa Terezinha, de Miguel Muchaque; Fábrica de Mosaicos São José, de José do Espírito Santo; Oficina de Carpintaria e Marcenaria de Constantino Piffer; Fábrica de Móveis de José Minholo; Fábrica de Móveis Finos, de Aristides Del Ciello; Fábrica de Tamancos Ideal, de Waldemar Campos Silva; Fábrica de Sabão de Thomaz Talarico; Curtume Bebedourense, de Miguel Taube; Curtume São João, de Augusto Veraldi; Fábrica de Sabão Cambuhy, de José Milani.

Além destas, surgiram algumas firmas voltadas para a produção de bebidas, como a Fábrica de Bebidas “Fabri”, de Aladino Fabri e Cia, localizada na rua Francisco Inácio, 696, fabricante dos refrigerantes “Zip-Cola”, “Guaraná Paulistano” e “Soda Limonada”, assim como licores, xaropes e aguardentes.

Na mesma linha de produção existia a “Distilaria Tupy”, pertencente aos sócios Emílio Balardin Júnior e Francisco Pierini, localizada na rua Carlos Gomes, atual Vanor Junqueira Franco, 441. Produzia refrigerantes nos sabores guaraná, cola, soda limonada e maçã, todos com a marca Tupy, além de vinho quinado, licores e vinagre.

Havia ainda a “Fábrica de Gasosa e Refresco Bebedouro”, de propriedade de Atílio Fávero, localizada na rua Prudente de Moraes, 1.025, onde eram produzidos refrigerantes, vinho quinado, licores e outros.

Também teve projeção o segmento de laticínios, sendo que no ano da referida publicação havia três empresas: “Gonçalves Salles S/A Indústria e Comércio”, fabricante da linha de produtos da marca “Aviação”; a “Laticínios e Frigoríficos São Geraldo Ltda”, e a filial dos “Laticínios Catupiry”, da firma M. Silvestrini. Detalhe é que as três fábricas de laticínios se localizavam na rua Vicente Paschoal, entre as ruas Prudente de Moraes e dr. Oscar Werneck, sendo que apenas a última citada ainda permanece em funcionamento, inclusive no mesmo local, porém com instalações ampliadas e modernizadas.

Merece destaque ainda a fundação da “Indústria Prado de Conservas Alimentícias” também na década de 1940, sob a responsabilidade de José Corrêa do Prado Júnior, tendo como endereço a esquina das ruas Vicente Paschoal e Almeida Pinto, atual Nossa Senhora de Fátima. Sua linha de produção incluía condimentos e pimentas, mas o que tornou a empresa conhecida foi o lançamento do “Molho Campeiro”, que em um intervalo de apenas cinco anos ampliou a produção de 500 dúzias por ano para 10 mil dúzias, vendida para hotéis, bares, restaurantes e outras casas comerciais. Posteriormente a empresa foi vendida e os novos proprietários transferiram a produção para a cidade de Monte Alto, onde o tradicional molho continua sendo produzido e comercializado.

Nas décadas seguintes surgiram várias outras empresas nos segmentos já citados e em outros, porém, ao mesmo tempo, com exceção da unidade local dos “Laticínios Catupiry”, gradativamente todas os estabelecimentos citados foram encerrando suas atividades, tendo em vista a abertura de indústrias de grande porte em outras localidades, incluindo diversas multinacionais, as quais passaram a atender todo o território nacional, inviabilizando a continuidade de grande parte das pequenas fábricas que até então existiam.

(Colaboração de José Pedro Toniosso, professor e historiador bebedourense www.bebedourohistoriaememoria.com.br).

Publicado na edição 10.880, de sábado a sexta-feira, 12 a 18 de outubro de 2024 – Ano 100