A Onda

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Antônio Carlos Álvares da Silva

O assunto da semana são as manifestações de protesto populares. Começaram em São Paulo, contra o aumento das passagens de ônibus e metrô. Em seguida se espalharam por muitas grandes cidades. E o motivo também se diversificou, para outros temas da insatisfação geral. Um dos assuntos mais lembrados foi o gasto excessivo do governo, para sediar a realização da Copa do Mundo de Futebol, embora ninguém falou, que foi Lula o pai dessa iniciativa. Esse tipo de manifestação sempre tem objetivos políticos e costuma acontecer nos anos de eleição. Porém, como desta vez o debate se antecipou, os protestos começaram mais cedo e atingiram níveis inesperados, pela força da internet. A aglomeração de pessoas nunca tem controle, porque muitos componentes se sentem escondidos na multidão e praticam excessos, com a consequente reação policial. A TV e os jornais mostraram esses excessos de ambas as partes e elas procuraram escondê-las. O politicamente correto apareceu.
Os governantes defenderam o incondicional direito de protesto e as lideranças dos manifestantes o seu caráter pacífico. Mas, a passividade da polícia incentivou os desmandos dos violentos. Muitos deles nem se preocuparam em esconder sua intenção. Participaram das passeatas, portando máscaras, no mesmo estilo dos assaltantes de lojas e residências.
Não foram impedidos de participar, porque o que interessava para os líderes era aumentar o volume de pessoas. Então, a TV mostrou repetidamente esses integrantes provocando incêndios, jogando bombas caseiras e praticando quebra-quebras em veículos e prédios públicos e privados. Esse desvirtuamento, por não ser geral, não mereceu censura, nem grande repressão policial, diante da aprovação da maioria do povo pelo movimento, em resposta aos permanentes desmandos da classe política em geral. Porém, existe um aspecto ainda não focado, que merece ser ressaltado: A realização das passeatas nos mesmos lugares, com ocupação por horas e horas, está prejudicando um grande número de pessoas pacíficas, que moram e trabalham nesses locais ocupados e sofrem restrições ao seu direito de ir e vir, de morar, de trabalhar livremente, bem como de gozar do seu direito de sossego e paz. O direito geral tem que respeitar integralmente esses direito individual. Vocês já imaginaram se grande número de pessoas paralisassem por semanas a avenida Raul Furquim e as ruas adjacentes?
Enquanto isso…
Mas, a vida não é feita só de protestos e seus excessos. Nesta semana, fui levado a prestar atenção ao jardim de minha casa. Há mais de 10 anos, ali foi plantado um arbusto, que tem o nome de sua flor: camélia. Todo ano, no fim do outono, nele apareciam uns botões de flor. Mas, eles nunca se abriram. Caiam antes. Pois, este ano, dois botões se abriram e se transformaram em lindas camélias brancas. Minha alegria durou pouco. No mesmo dia, as duas camélias caíram. Minha alegria durou pouco. No mesmo dia, as duas camélias caíram. A decepção trouxe uma lembrança. Uma música de carnaval da década de 1940. Sua letra dizia: “Oh jardineira, por que estas tão triste? O que foi que te aconteceu? Foi a camélia que caiu do galho deu dois suspiros e depois morreu. Vem jardineira, vem meu amor, não fique triste, porque este mundo é todo teu. Você é muito mais bonita, que a camélia, que morreu.”
No tempo em que se faziam músicas para o carnaval de cada ano, essa música foi muito executada. Espero, que algum leitor tenha se lembrado dela.

(Colaboração de Antônio Carlos Álvares da Silva, advogado bebedourense).

Publicado na edição n° 9562, dos dias 22 a 26 de junho de 2013.