Indicado ao Oscar e alardeado como um dos grandes filmes do ano, ‘A Substância’ entrega exatamente aquilo que promete: um suspense bem construído, com direção impecável e atmosfera de incômodo constante. O longa dirigido com maestria tem direção de arte irretocável, onde cada escolha estética contribui para reforçar a tensão psicológica. Os ângulos de câmera, calculadamente desconfortáveis, fazem com que o espectador permaneça inquieto do início ao fim.
A fotografia é um dos pontos altos da produção. O contraste entre luz e sombra é milimetricamente pensado para potencializar a sensação de estranheza que permeia toda a narrativa. O jogo de cores também é muito bem feito entre os cenários e os figurinos. O roteiro, por sua vez, é inteligentemente estruturado: bom argumento, crítica clara e muito bem desenvolvida, resultando em enredo coeso e envolvente.
No quesito atuação, Demi Moore entrega performance eficiente como Elizabeth. Sua presença em cena é magnética e não há o que se questionar sobre seu trabalho, ela é boa e ponto. No entanto, a repercussão estrondosa de sua atuação levanta um questionamento: será que realmente merecia a indicação ao Oscar de Melhor Atriz?
Entre os nomes indicados, é impossível não destacar Fernanda Torres em ‘Ainda Estou Aqui’, uma performance que ressignifica a força do cinema brasileiro no cenário mundial. Sejamos honestos: Moore está bem, mas sua presença em cena é muito menor do que a de Margaret Qualley, que tem sequências eletrizantes e deveria estar recebendo o mesmo destaque que sua colega de elenco. Se falarmos de presença e impacto dramático, Fernanda Torres segue como a favorita, e com justiça.
Outro ponto que merece atenção é a duração do filme. Com quase 150 minutos, ‘A Substância’ se alonga mais do que deveria. Embora a narrativa não se torne cansativa, fica evidente que algumas sequências poderiam ter sido condensadas para tornar a experiência ainda mais impactante.
No fim, ‘A Substância’ é um filme que vale a pena ser assistido, especialmente para os fãs do gênero. É um suspense bem construído, com atuações marcantes e direção impecável. No entanto, diante do impacto e da força dramática de ‘Ainda Estou Aqui’, ele não parece merecer o Oscar tanto quanto o filme brasileiro. Torcemos para que a Academia também perceba isso e faça justiça na premiação.
Publicado na edição 10.906, de sábado a sexta-feira, 22 a 28 de fevereiro de 2025 – Ano 100