

Uma pomposa recepção foi preparada pelos bebedourenses em julho de 1919 ao então presidente do Estado de São Paulo, Altino Arantes, que na ocasião realizava uma visita a esta cidade e outras circunvizinhas, acompanhado de uma grande comitiva, formada por secretários, deputados, senador e outros.
A chegada deu-se no dia 19, pouco depois das 13h, em composição especial da Cia. Paulista de Estradas de Ferro, sendo recebido por grande número de pessoas, incluindo populares, autoridades locais e representantes de municípios vizinhos.
À frente da comitiva local, conforme publicou o jornal “O Direito”, estavam os coronéis João Manoel e Raul Furquim, respectivamente “venerando patriarca da família bebedourense” e “governador da cidade”, os quais deram as boas-vindas ao ilustre visitante.
O cortejo oficial teve início após a execução do Hino Nacional pelas duas corporações musicais da cidade, tendo a corporação do Tiro de Guerra e o batalhão de Escoteiros prestado as honras militares nas escadarias da estação, enquanto os alunos do Grupo Escolar e das outras escolas entregaram flores e aplaudiram entusiasticamente o chefe do Estado.
Na sequência, seguidos por muitas pessoas, os visitantes seguiram até a residência do Cel. João Manoel para um breve descanso. Dando continuidade, aconteceu uma visita à Igreja Matriz, ainda em construção, onde Altino Arantes recebeu singela homenagem dos alunos das escolas paroquiais.
Um banquete de cem talheres foi oferecido pela Câmara Municipal no prédio do Theatro Odeon, localizado na praça Barão do Rio Branco. Após a lauta refeição, três oradores fizeram uso da palavra: o dr. Pedro Pereira, em nome do diretório local do Partido Republicano Paulista, da Câmara Municipal e povo bebedourense; dr. José Veríssimo Filho, em nome dos municípios de Pitangueiras e Viradouro; e o padre Francisco Garaude, que se pronunciou em francês em nome da comunidade católica.
Falando de improviso, o presidente do Estado agradeceu pelo acolhimento, dirigindo as palavras aos coronéis anfitriões. Finalizando a programação, ocorreu a visita a alguns pontos da cidade, como a Câmara Municipal, Grupo Escolar, Santa Casa, Cadeia e Fórum, justamente as instituições locais que ocupavam as edificações mais suntuosas naquela época.
Por volta das 16h o convidado foi conduzido à estação ferroviária, onde embarcou em composição especial da empresa São Paulo – Goiás em direção à Olímpia, sendo acompanhado pelo Cel. João Manoel, representando do município de Bebedouro. Após os compromissos naquela cidade, seguiram para o município de Barretos para a inauguração da Sociedade Hípica Barretense.
Além desta, Altino Arantes também esteve em Bebedouro no ano de 1941, no contexto da ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas, quando então não exercia nenhuma função política. Na ocasião, participou do 1º Congresso Eucarístico Parochial de Bebedouro.
Destaca-se que Altino Arantes foi homenageado pelo poder público bebedourense em 1922, quando o seu nome foi atribuído à praça localizada em frente à estação ferroviária. Ainda no final daquela década, o terreno da praça foi cedido para a construção do prédio da 3ª Divisão Administrativa da Cia. Paulista.
Altino Arantes Marques nasceu em Batatais no ano de 1876, tendo se formado pela Faculdade de Direito de São Paulo em 1895. Pelo Partido Republicano Paulista foi eleito diversas vezes para deputado federal e como presidente do Estado de São Paulo (governador) para o mandato de 1916 a 1920. Ocupou várias pastas de secretarias estaduais, incluindo da Agricultura, da Fazenda e do Interior. Atuando na oposição ao governo de Getúlio Vargas, teve significativa participação na Revolução Constitucionalista de 1932. Além da política, desenvolveu outras atividades, incluindo a de escritor, tendo publicado várias obras. Faleceu em 1965, na cidade de São Paulo.
(Colaboração de José Pedro Toniosso, professor e historiador bebedourense. www.bebedourohistoriaememoria.com.br).
Publicado na edição 10.921, de sábado a terça-feira, 10 a 13 de maio de 2025 – Ano 100