As janelas de nióbio, o álcool no cérebro e a poluição que mata

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O termo nanotecnologia foi utilizado pela primeira vez em 1974 por um professor japonês de nome Norio Taniguchi para descrever especificamente a tecnologia que um dia possibilitaria o tratamento de materiais na escala atômica. Antes dele, em 1959, durante uma palestra para a Sociedade Americana de Física, Richard Feynman havia se aventurado pelos caminhos do mundo pequeno fazendo uma previsão de que todo o conteúdo de uma enciclopédia britânica iria caber em uma cabeça de alfinete. Pois bem, esse momento previsto por Feynman e referenciado por Taniguchi já chegou e se espalhou com muita rapidez pelas várias áreas do conhecimento, desde a medicina até a engenharia, passando pela física, química e biologia, entre outras.

Aproveitando o sol

Pesquisadores do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, dos Estados Unidos, desenvolveram há alguns anos uma tecnologia aplicada às janelas e fachadas de prédios que conseguem fazer um filtro duplo e independente dos raios solares. Essa tecnologia, que tem como base nanocristais de óxido de índio e estanho incorporados a uma matriz vítrea de óxido de nióbio, permite restringir a passagem da luz solar, do calor solar ou de ambos. Por exemplo, em um dia quente pode-se deixar passar a luz visível para iluminar o ambiente, mas pode-se bloquear a radiação do espectro infravermelho através de uma pequena voltagem que faz o material mudar de cor e cerrar a passagem da radiação, trazendo um grande conforto para escritórios e residências de forma sustentável. Esse é mais um exemplo de como as ideias e previsões do século passado estão agora se tornando realidade aplicada e fazendo diferença em nossas vidas.

Efeitos do álcool

Pesquisadores e estudiosos da área médica já têm uma boa noção dos estragos que a ingestão constante e elevada do álcool traz para a saúde humana. Recentemente Andrew Holmes e sua equipe dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos divulgaram um estudo que dá conta dos efeitos do álcool no cérebro. Utilizando roedores expostos a altas concentrações de álcool vaporizado por períodos de 16 horas seguidas, intercaladas por oito sem álcool, os pesquisadores observaram que os animais desenvolveram uma preferência por beber água com álcool em detrimento à água sem álcool.
O aprofundamento do estudo indicou que o núcleo estriado, elemento cerebral associado ao comportamento impulsivo e à formação de opinião apresentava mais conexões e estava muito mais ativo do que o córtex pré-frontal, envolvido na tomada de decisão consciente. Em outras palavras, o álcool em excesso pode mudar o funcionando do cérebro tornando-o refém das emoções impulsivas.

Poluição perigosa

Partículas finas e pequenas, menores que 2,5 micrômetros, costumam matar só nos Estados Unidos cerca de 200 mil pessoas por ano. São advindas dos poluentes de fontes de combustão como escapamento de veículos, chaminés industriais e geração de energia com carvão. Essa informação vem de um estudo realizado por pesquisadores do Laboratório para Aviação e Meio Ambiente do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) nos Estados Unidos. O estado americano que apresenta maior número de mortes é a Califórnia, principalmente devido ao transporte rodoviário e ao aquecimento residencial e comercial. Tais mortes estão relacionadas às doenças cardiopulmonares, câncer de pulmão e outras enfermidades respiratórias.
Se no passado o relacionamento entre a poluição atmosférica e as doenças e mortes era frágil, atualmente as evidências ligando os dois lados estão mais sólidas e fortes, seja no âmbito científico, bem como no político.

Publicado na edição nº 10003, de 30 de junho e 1º de julho de 2016.