As lentes se fecham. Morre Antônio Carlos Rocha

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Em sua última entrevista concedida a Gazeta, o fotógrafo revelou que sua vida no momento, era cobrir eventos que lhe trouxessem alegria.

Na tarde de quinta-feira (10), foi encontrado morto em sua residência, no Distrito de Botafogo, o repórter fotográfico Antônio Carlos Rocha. Nascido em Botafogo, conhecido como Rochinha, era figura garantida nas coberturas dos eventos da cidade e região.
Na edição número 9920 da Gazeta, de 28 de novembro, em entrevista ao Gente, Rochinha abriu seu coração e mais uma vez encantou seus admiradores, inclusive a redação. Nascido em 11 de junho de 1965, o também professor deixou claro em diversos momentos que seus lemas eram fé, humildade e simplicidade. Não esqueceu dos amigos e das pessoas que o ajudaram no decorrer de sua vida, e fez questão de mencioná-los.
Rochinha citou ter recentemente ‘tirado o pé do acelerador’, ao dar preferência às coberturas que lhe trouxessem alegria ou que fossem positivas, deixando de lado o que chegou a registrar durante anos como, ocorrências policiais, acidentes, incêndios, entre outros.
Na mesma entrevista, Rochinha citou ter sofrido dois infartos aos 35 anos: “Era uma sexta-feira, estava dando aula e comecei a me sentir mal, lembro inclusive que uma aluna, que era enfermeira, chegou e disse que eu não estava bem, que deveria procurar um médico e eu não fui. Tomei um remédio e fui para casa e achei que tivesse melhorado. No domingo seguinte, à noite, sofri dois infartos no mesmo dia, fui socorrido pelo meu irmão que me levou para o Hospital Municipal Júlia Pinto Caldeira. Cheguei com parada respiratória, e o médico que eu o chamo de anjo da guarda, dr. João Roberto Rodrigues, me salvou. Na época, chegaram a pedir pra chamar minha família por eu ter ficado desacordado dois minutos e eles acharam que eu não voltaria mais. Me deram como morto. Escapei sem nenhuma sequela. Cheguei a ir para Ribeirão, lá eles elogiaram muito o trabalho feito pelo Hospital daqui. Disseram que, se não fosse o atendimento, eu teria morrido. Hoje recebo acompanhamento de cardiologista. Sou muito agradecido à equipe do Hospital”.
Desta vez ele não resistiu, seu sorriso ficará guardado na memória de todos da redação da Gazeta, além de um extenso agradecimento pela última entrevista concedida aos seus jornalistas.
A Guarda Civil Municipal informou que por volta das 17h20 de quinta-feira (10), foi acionada a comparecer a rua Coronel Conrado Caldeira, no Distrito de Botafogo porque, segundo populares, um cheiro muito forte vinha da casa do fotógrafo e teria chamado a atenção. Diante da solicitação, a GCM compareceu no local e constatou que além do cheiro muito forte, haviam muitas moscas próximas à janela da residência. A janela foi arrombada após os guardas acharem a situação suspeita. Ao entrarem, perceberam o corpo de Antônio Carlos Rocha já em estado avançado de decomposição. O local foi preservado até a chegada do Instituto de Criminalística para as averiguações pertinentes. De acordo com médicos, Rochinha encontrava-se morto desde, pelo menos, terça-feira (8) e a causa foi morte natural não assistida, provavelmente decorrente de uma parada cardíaca.
Em função destas condições não foi possível a realização de velório. Rochinha foi sepultado às 21h de quinta-feira (10), no cemitério São João Batista. Momentos antes do sepultamento, o prefeito Fernando Galvão, abalado fez questão de despedir-se, prestando-lhe a última homenagem e pedindo que os presentes rezassem o Pai Nosso. Chico Sena também falou da maior qualidade de Rochinha, sua humildade, que fará muita falta aos profissionais da imprensa que ele tanto prestigiava.

 

Jamais será esquecido – Rochinha, na redação da Gazeta, durante entrevista concedida na última semana de novembro.
Jamais será esquecido – Rochinha, na redação da Gazeta, durante entrevista concedida na última semana de novembro.