A ideia da fundação de uma Linha de Tiro em Bebedouro surgiu em maio de 1908, quando o Cap. Luiz C. Arruda Cardoso apresentou a proposta e recebeu o apoio do Cel. João Manoel, que o acompanhou na escolha do terreno onde seria instalado, o qual foi adquirido e doado pela Câmara Municipal.
Em ofício enviado ao conselho diretor do “Tiro Brasileiro de São Paulo”, o segundo vinculado à Confederação Brasileira, foi solicitada autorização para denomina-lo “Coronel Piedade”, em homenagem ao fundador da referida associação cívico militar e comandante superior da Guarda Nacional do Estado. No mesmo ofício, era reforçado o pedido anterior para fornecimento de armas e munições.
Em 20 de agosto de 1908 deu-se a inauguração da “Linha de Tiro Coronel Piedade”, a primeiro do interior do Estado. O evento foi bastante prestigiado, contando com a presença do homenageado e de oficiais da Guarda Nacional da região e da capital. No entanto, esta Linha de Tiro teve curta duração, pois no ano seguinte foi desativada, sendo determinado por ofício a devolução das carabinas e dos cartuchos vazios e os não utilizados à diretoria na capital paulista.
Nos meses seguintes houve a criação de outra linha de tiro, desvinculada da confederação nacional, mas com subvenção da Câmara Municipal. Em 1917, a Associação Atlética Americana informou a intenção de criar uma linha de tiro, sendo realizada a escolha da diretoria em maio daquele ano. O Cel. Raul Furquim foi eleito para presidente honorário e Dr. Oscar Werneck, presidente efetivo.
Foi anunciada a intenção de solicitar sua incorporação à Confederação do Tiro Brasileiro, mas o acirramento da Grande Guerra, que tivera início na Europa em 1914, suscitou a preocupação quanto à capacidade militar do país para enfrentar eventuais ataques de inimigos, o que de fato ocorreu, com os bombardeios alemães a diversos navios brasileiros.
Desta forma, assim como em outros municípios, foi fundado em Bebedouro no ano de 1917, o Tiro de Guerra no. 590, tendo o capitão Marcelino Silva como inspector de tiro e instrutor militar. Em dezembro de 1919, a corporação recebeu a comissão examinadora formada por militares vindos da capital para aplicação de exames aos atiradores candidatos a reservistas do Exército.
O primeiro grupo de atiradores bebedourenses que se submeteu às provas orais e exames de evolução militares era formado por Plauto Guimarães Reiff, José de Almeida Senna, José Moreira, João Moreira, Oswaldo Guimarães, Celso Gustavo da Silva, João Teixeira e Pedro Alleto, sendo todos aprovados.
Em 31 de outubro de 1945, o Tiro de Guerra no. 590 foi extinto, sendo substituído pelo Tiro de Guerra no. 10, criado por meio da Portaria no. 8.747, assinada pelo Ministro do Estado da Guerra, tendo sua sede na Rua Prudente de Moraes, no. 283.
Os primeiros instrutores foram os sargentos Jacintho Lobo Medeiros e João Farias Pinto e houve a inscrição de 76 jovens para cumprirem o serviço militar, sendo que 40 atiradores participaram e foram aprovados nos exames finais, sendo a primeira turma de reservistas do TG no. 10. Em 13 de agosto de 1946 a sede do TG foi transferida para a Praça Rio Branco, no. 63, onde permaneceu até 1955, quando se mudou para a Rua Tobias Lima, esquina com Rua General Osório, onde atualmente se encontra a sede da Secretaria Municipal da Educação.
Em 7 de junho de 1970, com a denominação de Tiro de Guerra no. 02-006, foi inaugurada a nova sede na Praça Marechal Castelo Branco, atual Avenida Sérgio Sessa Stamato, n. 63. A cerimônia teve início em um palanque montado na praça da Matriz, onde uma comitiva de oficiais do Exército passou em revista os convocados do TG de Bebedouro, Barretos e São Carlos, que depois desfilaram em continência às autoridades, contando com a apresentação da Banda Marcial de São Carlos.
Além do prefeito Hércules Pereira Hortal; o evento contou com a presença de outras autoridades locais e regionais, representantes de entidades, clubes e associações e da imprensa. Em seguida se dirigiram para a nova sede, onde ocorreu a benção pelo vigário Frei Antônio Pretto e descerramento da fita inaugural, havendo em seguida vários discursos e evoluções dos atiradores. Desde então, a instituição militar permanece no mesmo endereço.
(Colaboração de José Pedro Toniosso, professor e historiador bebedourense.www.bebedourohistoriaememoria.com.br).
Publicado na edição 10.926, de sábado a terça-feira, 31 de maio, 1º a 3 de junho de 2025 – Ano 100