Nascido em 1849, em Salvador, Bahia, Rui (ou Ruy) Barbosa de Oliveira tornou-se uma das figuras mais respeitadas no campo político e jurídico brasileiro entre o final do século XIX e início do século XX, tendo destacada atuação na campanha abolicionista e republicana.
Considerado um dos principais intelectuais brasileiros de sua época, foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras e delegado do Brasil na II Conferência da Paz em Haia, na Holanda, em 1907. Ocupou vários cargos políticos, entre os quais o de Ministro da Fazenda (1889-1891), Senador (1890-1923) e Deputado (1878-1884). Foi por quatro vezes candidato à presidência da República (1906, 1910, 1914 e 1919), sendo derrotado em todas elas.
Iniciou a vida acadêmica na Faculdade de Direito do Recife em 1866, mas dois anos depois transferiu-se para a Faculdade de Direito de São Paulo, atual Universidade de São Paulo (USP), no Largo São Francisco, onde se formou em 1870. Convidado para ser paraninfo da turma de 1920 desta Universidade, escreveu o discurso “Oração aos Moços”, que passou a ser considerada uma referência quanto ao papel do magistrado e a missão do advogado.
Tendo falecido na cidade de Petrópolis, em 1 de março de 1923, aos 73 anos, Rui Barbosa passou a ser considerado o “Paladino do Direito, da Liberdade, da Justiça e da Democracia”, sendo referenciado pelo Brasil afora com as mais variadas formas de homenagem.
Em Bebedouro, as reverências ao magistrado tiveram início ainda em vida, como, por exemplo, a deliberação da Câmara Municipal em novembro de 1907 que resultou na resolução que deu o seu nome à praça de São Benedito.
Recebeu o apoio do diretório local do Partido Republicano nas eleições presidenciais a que concorreu, em especial no pleito de 1910, disputado por “civilistas”, e “hermistas”, e que resultou na vitória do opositor, Hermes da Fonseca.
Quando de seu falecimento em março de 1923, a Câmara Municipal providenciou a celebração de uma missa solene na Igreja Matriz, seguida de uma sessão cívica em sua honra. Na ocasião surgiu a ideia de se erguer uma herma ao jurista, sendo aberta uma lista de subscrição para viabilizar o intento que, no entanto, não se concretizou.
Nos anos seguintes ao falecimento as homenagens tiveram continuidade, com publicações na imprensa e realização de sessões cívicas. Em 1949, ano do centenário de nascimento, foi organizada uma programação especial, que incluiu alvorada, missa campal, sessão solene, transmissão radiofônica, e inauguração de um retrato no salão nobre do Fórum.
Maior atenção foi destinada à data de 5 de novembro de 1953, aniversário de 104 anos de seu nascimento, e que foi declarada como o “Dia de Rui Barbosa” tendo sido programada uma “Grande Parada Cívica”, com a participação de uma caravana de estudantes da Faculdade de Direito de São Paulo, incluindo oradores do Centro Acadêmico XI de Agosto, daquela instituição.
Conforme inserido no “Convite ao Povo”, foi arquitetada “imponente Sessão Cívica”, na Praça Rio Branco, em homenagem ao “Águia de Haia”. Concomitantemente foi lançada uma Campanha para aquisição de um busto, que deveria ser colocado na Praça que leva o seu nome.
Em 1954, o logradouro passou por total remodelação, com ajardinamento, nova iluminação e construção de alamedas pavimentadas. No entanto, apesar da significativa adesão da comunidade na campanha, após seis anos do início não se conseguiu o numerário necessário para a compra do busto.
Neste contexto, coube à Secção de Bebedouro da Ordem dos Advogados a iniciativa de assumir a campanha para concretizar a homenagem, o que permitiu que em junho de 1959 fosse anunciada a aquisição da escultura de bronze no formato romano, igual à existente na Assembleia Legislativa de São Paulo, e de autoria do artista Luiz Morroni.
Desta forma, com grande festa da classe forense de Bebedouro e com a participação de autoridades estaduais e locais, em dezembro daquele ano ocorreu a inauguração, porém não na praça que leva o nome do laureado, mas sim no interior do novo prédio do Fórum de Justiça, que fora recém-inaugurado na Praça Nove de Julho. Desde então a escultura de Rui Barbosa permanece no mesmo local que, embora tenha menor visibilidade, a mantém preservada em sua originalidade.
(Colaboração de José Pedro Toniosso, professor e historiador bebedourense www.bebedourohistoriaememoria.com.br).
Publicado na edição 10.795, quinta a terça-feira, 12 a 17 de outubro de 2023
