Antonio Carlos Álvares da Silva
Mostro meu assombro, como é que jovens de 30 anos de idade, como esses matadores muçulmanos, troquem uma vida cheia de atividades maravilhosas, como a procura e conquista de bonitas parceiras, por uma aventura de violência.
O assunto, que dominou a imprensa mundial, na primeira semana de janeiro, foi o ataque a tiros contra os desenhistas da revista de caricaturas Charlie Hebdo em Paris. Dois muçulmanos moradores na França, conseguiram entrar na sede da revista e mataram 10 cartunistas e 2 policiais. Na semana seguinte, houve manifestações de repúdio ao ataque em várias partes do mundo. Em Paris, 4 milhões de pessoas, lideradas por 20 chefes de estado da Europa, fizeram uma demonstração popular da defesa da revista e da liberdade de expressão… O motivo da agressão aos cartunistas é que eles, rotineiramente, faziam caricaturas do profeta Maomé – também de deuses de outras religiões -. Nesta última semana houve reação. Na Ásia e na África, islamitas manifestaram protesto contra a revista e os países europeus, que a apoiaram. Eles entendem, que o representante máximo de Alá no mundo, não pode ser retratado e muito menos ironizado em caricaturas. Quando se lembra, que, no passado, milhões de pessoas foram mortas em guerras religiosas, a preocupação fica grande. Torna-se necessário, discutir o assunto, com serenidade e tolerância. Penso, que não é hora de discutir, se os cartunistas têm, ou não, o direito de desenhar charges, expondo líderes de religiões, ao crivo da ironia, que é sempre cruel, com o atingido, mesmo quando ele existe apenas no plano espiritual. A discussão mais objetiva é a seguinte: A punição pelo desrespeito religioso deve ser a pena de morte para os cartunistas, executada de modo sumário por qualquer seguidor da religião? Esse modo tem uma outra consequência natural: Obriga a polícia tentar prender os agressores, com o risco quase certo de acabar em morte dos fugitivos. Nesse passo, mostro meu assombro, como é que jovens de 30 anos de idade, como esses matadores muçulmanos, troquem uma vida cheia de atividades maravilhosas, como a procura e conquista de bonitas parceiras, por uma aventura de violência, com alto risco de morte. É verdade, que os fanáticos sonham, com a promessa de os mártires da religião irem direto ao céu e ganharem mais de 600 virgens, para seu eterno regalo e conforto. Mas, essa história de trocar o certo atual, pelo incerto futuro, não entra na minha cabeça. Ainda mais, depois dessa última charge publicada pelo Charlie Hebdo, onde Maomé avisa: Não se transformem em mártires agora. Estamos com falta de virgens! Também sempre contribui para minha dúvida a notícia publicada no Estadão – 8–1-2015 – A-2, onde Daniel Castro informa, que as religiões eletrônicas gastaram em 2014 um bilhão de reais na TV brasileira, para conseguirem mais adeptos.
Quando eu lembro do número de zeros da cifra um bilhão – 9 – eu acho mais seguro, os moços ficarem com as moças daqui, mesmo sendo menos de 600 e não sejam mais virgens. Aliás, pensando bem, isso pode até ser uma vantagem.
(Colaboração de Antonio Carlos Álvares da Silva, advogado bebedourense).
Publicado na edição nº 9797, dos dias 24, 25 e 26 de janeiro de 2015.