Bill Gates se arrependeu?

José Renato Nalini

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Causou estranheza nos meios do ambientalismo radical a informação de Bill Gates de que a mudança climática não levará ao fim da humanidade. Isso porque ele sempre foi um defensor-raiz da alteração de conduta do bicho-homem, para que ele não perca o último planeta que o recebe, a Terra.

Ele destinou bilhões de seu patrimônio para alertar sobre os perigos da insustentabilidade imposta ao mundo. Continua a reconhecer que as mudanças climáticas terão consequências gravíssimas, porém preferiu incentivar as pessoas a fazerem alguma coisa que possa adaptar as cidades à sobrevivência.

Há quatro anos ele escreveu o livro “Como evitar o desastre climático” e agora deu um tom menos grave à advertência. Ninguém sabe ainda se ele foi pressionado pelo governo federal a fazer esse tipo de declaração, contrária ao que faz e ao que pensa.

Tanto que foi criticado por Michael Oppenheimer, professor de geociências e relações internacionais de Princeton, que fica preocupado. A conversa de “ajudar os mais pobres” tem sido utilizada pelos céticos do aquecimento global, aquelas pessoas negacionistas que nada mais querem senão continuar o regime predatório contra o planeta.

O anúncio de Bill Gates, proprietário de uma fortuna que se aproxima a cento e vinte e dois bilhões de dólares, ou quase setecentos bilhões de reais, coincidiu com a notícia de que ele não viria à COP30, embora tenha participado de todas as outras.

O importante é que nestes anos ele tem destinado grandes somas de sua fortuna pessoal para promover políticas de redução dos gases do efeito estufa e tem investido em empresas que trabalham com energia limpa e em iniciativas para ajudar os mais carentes a se adaptarem ao cataclismo em curso.

O lado ruim é que o negacionista-mor celebra a declaração de Bill Gates como uma vitória contra o que chama “a farsa do clima”. A declaração do fundador da Microsoft causou estrago e reanima as hostes da degradação, do desmatamento, do pouco caso e da insensibilidade em relação aos recursos naturais.

 

Mais um motivo para nós nos concentrarmos na luta, com fé e afinco.

(Colaboração de José Renato Nalini, reitor da Uniregistral, docente da Pós-graduação da Uninove, Secretário de Mudanças Climáticas de São Paulo, Imortal da Academia Paulista de Letras, Desembargador aposentado, palestrante e conferencista).

 

Publicado na edição 10.973 de sábado a terça-feira, 6 a 9 de dezembro de 2025 – Ano 101