
Privatização do setor seria para impulsionar transporte de cargas. O que se vê é exatamente o contrário.
O processo de privatização das ferrovias em 1998, apresentava-se como a solução para atração de investimentos para o transporte de cargas, redução do tráfego de veículos nas rodovias e barateamento dos custos de produção.
Passadas duas décadas, o resultado da concessão do setor à iniciativa privada, pode ser visto por qualquer um que passa na antiga Estação Ferroviária de Bebedouro. Dezenas de vagões enferrujados e abandonados e linhas férreas tomadas pelo mato alto.
Tudo isto é muito estranho na região mais desenvolvida do agronegócio. Infelizmente, a produção agrícola tem sido distribuída por caminhões pelas estradas para dor de cabeça dos motoristas de veículos leves que correm sérios riscos de transitar próximo de milhares de caminhões.
Em Bebedouro, a concessionária de ferrovias América Latina Logistica, demonstra não ter proposta clara para este patrimônio, quando começou no ano passado, a cortar com maçarico, os vagões, interrompendo o processo no meio do caminho, sem dar explicações.
O máximo de ação da concessionária na cidade é o envio periódico de funcionários para fazer a poda da grama que cobre os trilhos, na zona urbana. Enquanto na área rural, é fácil tropeçar nas linhas de ferro cobertas pela vegetação.
Um dos passos para o Brasil deixar de ser emergente para se tornar potência, é o investimento na infraestrutura de exportação. Nada mais óbvio do que usar o que já está pronto, a malha ferroviária.
Depois de quase 20 anos, ficou mais do que provado que a privatização deu errado. Não é o caso de estatizar, mas novamente colocar à venda um setor que dá muito lucro em outros países. Inclusive para aqueles que estão à frente do Brasil, no ranking das potências econômicas.
Enquanto isto não acontece, todos são forçados a conviver com moradores de rua e usuários de drogas habitando vagões que deveriam ser usados para transportar a riqueza do País e gerar renda.
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Publicado na edição n° 9498, dos dias 15 e 16 de janeiro de 2013.