Herman Voorwald desmente as denúncias do ex-presidente da cooperativa.
Cássio Chebabi, ex-presidente da Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar), declarou à polícia que o lobista Marcel Ferreira Júlio teria lhe contado que o ex-secretário da Educação, Herman Voorwald “recebeu R$ 100 mil” para não contratar a Coaf e manter negócio com uma antiga fornecedora da pasta, segundo informações do Estadão, divulgadas no sábado (30).
Segundo o Estadão, Chebabi teria dito que, “no final de 2013, Sebastião Misiara intermediou junto à Secretaria de Educação do governo do Estado de São Paulo, a contratação da Coaf para fornecimento de suco de laranja no valor de R$ 8 milhões e, muito embora tenha sido feito empenho pelo governo federal naquele valor, justamente pela falta de acerto de propina, o pagamento não foi realizado nem o produto fornecido”, disse Chebabi.
“A Coaf acabou arcando com um estoque superior a R$ 50 mil mensais do produto que já estavam produzindo para tal finalidade. Isso porque a empresa que fornecia anteriormente à Secretaria de Estado da Educação, ou seja, há mais de 20 anos, chamada Citro Cardilli, já tinha acerto com aquele ente público, de sorte que seus vendedores César (Bertholino) e o lobista Marcel disseram que a mesma pagou R$ 100 mil para o então secretário de Educação Herman não assinar o contrato com a Coaf e realizar novo procedimento para contratação desta empresa, o que de fato se deu”, relatou Chebabi, segundo o Estadão.
O professor Herman Voorwald, se manifestou ao Estadão: “Não recebi nada de ninguém. Eu tenho quase quarenta anos de vida pública, nunca recebi absolutamente nada que não fosse fruto do meu trabalho. Nunca houve, não há e nunca haverá nenhum recurso que eu não tenha recebido de forma legítima em toda a minha vida. É um absurdo (a denúncia de que teria recebido R$ 100 mil), não tem a menor consistência a fala dessa pessoa (Cássio Chebabi). Não o conheço.”
“Existe na Secretaria uma Coordenadoria que cuida de merenda e de obras. Está tudo muito claro na minha vida pública. Desde a minha formatura tudo o que eu tenho é de trabalho honesto. Eu não acredito que o meu nome tenha sido usado por alguém da Secretaria. Eu não acredito. As pessoas na Secretaria me conhecem, conhecem a minha história. Algum investigado pode ter usado meu nome no sentido de criar uma confusão.”
“Não conheço a Citro Cardilli. O relacionamento na área da merenda é da Coordenadoria de Infraestrutura e Serviços Escolares. Estou mesmo estarrecido, imagina alguém com uma postura política extremamente correta, de repente se vendo envolvido (no escândalo das merendas). Essa informação não procede em hipótese alguma.”
“Todo o processo licitatório, tudo é comandado pela área técnica que, depois, leva o expediente para decisão do secretário da Educação. Estou muito revoltado com esse tipo de acusação à minha pessoa. Muito chateado. Uma vida inteira de dedicação ao interesse público. Após cinco anos na Secretaria, de 2011 a 2015, saio de cabeça erguida. Estou de volta à Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá (Unesp). Sou professor de materiais de construção mecânica. Minha área de pesquisa”, justificou o ex-secretário.
A direção da CitroCardilli também respondeu a reportagem e rechaçou com veemência a citação à empresa nos autos da Operação Alba Branca: “A CitroCardili teve um único contrato com a Secretaria de Estado, pelo período de 1 ano, sendo de novembro de 2011 a novembro de 2012. O contrato foi no total de 6.212.160 unidades com o valor de R$ 0,75 a unidade; Já ouvi falar na COAF, e conheço o sr Cássio. A denúncia é absurda e infundada, pois o sr Cássio relata que: ‘A empresa já era fornecedora há mais de 20 anos, quando na verdade teve apenas um único contrato por 1 ano. A empresa CitroCardili não tem mais contrato com a Secretaria de Educação do Estado desde 2012”.
Máfia da merenda também atuou no RJ
O ex-presidente da Coaf, Cássio Chebabi, afirmou em depoimento, segundo publicou a Folha de São Paulo, que também houve propina em contrato de merenda escolar em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro.
De acordo com Chebabi, em 2012, a Coaf obteve contrato de R$ 5 milhões para fornecer suco de laranja à gestão municipal, sem pagar propinas, mas não recebeu os pagamentos devidos. E a cooperativa segundo Chebabi, decidiu entrar na Justiça para receber.
“No depoimento, o ex-dirigente diz que o advogado Fernando Carlomagno, parente distante de sua esposa, atuou na causa, quando percebeu a lucratividade do negócio. Em seguida, junto a outros dirigentes da Coaf, Carlomagno fundou outra cooperativa, a Conaf (Cooperativa Nacional de Agricultura Familiar)”, diz a reportagem.
Em 2013, com Nelson Borbier (PMDB), como novo prefeito à frente de Nova Iguaçu, de acordo com Chebabi, a Conaf – comandada por Carlomagno – ganhou nova licitação para fornecer suco de laranja, tomando o negócio que era tocado pela Coaf. A cooperativa repassava 15% do contrato ao prefeito e secretários municipais.
O prefeito de Nova Iguaçu, por meio de sua assessoria, diz desconhecer o caso e Carlomagno não respondeu à reportagem.
Publicado na edição nº 9944, de 2 e 3 de fevereiro de 2016.