

Em 2009, os amantes do terror ficaram vidrados com a estreia de ‘A Órfã’ nos cinemas. Eis que 13 anos depois, o filme ganhou uma continuação e chegou às telonas neste mês de setembro, com direção de William Brent Bell e roteiro de David Coggeshall, gerando grandes expectativas nos fãs. Antes de entrar na sala de cinema, no entanto, o público deve entender que este filme, na linha temporal, se passa dois anos antes do primeiro e, isto vai explicar muita coisa que ficou em aberto, no longa de 2009.
No entanto, apesar de explicar muitas questões, o novo longa aposta menos no terror, sem apresentar grandes cenas de sustos, mas um elemento chama atenção. Bem no meio do filme, um grande plot twist acontece e, dificilmente, alguém conseguiria prever este acontecimento, nem os cinéfilos mais vorazes seriam capazes de prever tamanha virada na história.
Porém, não importa o gênero, seja em filme, série ou novela, quando um roteirista aposta em uma grande virada no meio do caminho, restam apenas duas opções: ou vai dar muito certo ou vai dar muito errado. No caso de ‘A Órfã 2 – A origem’, a segunda opção acontece com força.
Após a grande virada, a história se sustenta por mais alguns minutos e o público fica instigado a descobrir o que vai acontecer e onde aquilo tudo vai dar. Doce ilusão. O caminho adotado pelo roteiro e pela direção leva o público a precisar voar com a história para não sair da sala de cinema frustrado, o que é quase impossível. Quem assiste ao filme até 10 minutos antes do seu fim, com certeza dá a ele uma média acima de sete, mas com os minutos finais, a nota é capaz de cair para menos de cinco.
Parece impossível acreditar no que acontece, mesmo tratando-se de um filme de terror onde coisas impossíveis acontecem. Importante ressaltar que o longa termina mostrando como Esther, a órfã, vai caminhar até chegar a seu destino que é mostrado no primeiro filme. Mesmo assim, a condução da história nesta origem é mal desenvolvida, é como se o autor tivesse usado toda sua criatividade no primeiro ato e foi submetido por uma preguiça imensa para desenvolver o final.
Curiosidade bastante interessante é que a mesma atriz do primeiro filme volta para interpretar a vilã, 13 anos depois. Por conta disso, os demais atores usaram sapatos com mega salto para parecerem mais altos que ela que, na história, precisa se parecer com uma criança. Os enquadramentos de câmera também deixam esta transparência mais fixa na mente de quem assiste. Os movimentos de câmera também são bem executados e nada soa falso ou montado, truques da sétima arte que merecem ser aplaudidos.
Mesmo com a finalização preguiçosa, em uma cena inexplicável, a origem da órfã merece ser vista. Primeiro para explicar questões do filme um e, depois, porque o público merece ser surpreendido com o grande plot twist no meio do filme. É algo que foge do clássico, não sendo inovador, mas capaz de surpreender e colocar em risco os planos da vilã, protagonista que dá título à obra. Por esta virada, o filme não perde sua qualidade, mas para acreditar nisso, é preciso acreditar e voar com a história.
Publicado na edição 10.702, de sábado a terça-feira, 24 a 27 de setembro de 2022.