Cooperativa busca alternativas para escassez de fertilizantes

Cenário é de custos elevados para o produtor rural e, consequentemente, para os consumidores.

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Incertezas – Com o conflito entre Rússia e Ucrânia, produtores rurais estão apreensivos com a oferta escassa de fertilizantes no Brasil; Coopercitrus busca opções para orientar seus cooperados.

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Aproximadamente 85% dos fertilizantes consumidos no país são importados. “Deste percentual, 25% é de origem do Leste Europeu. A Bielorússia já vinha com sanções até mesmo antes da guerra, principalmente, no nitrato que é muito usado e fonte de nitrogênio para a agricultura brasileira e na cana-de-açúcar, além da questão com o cloreto de potássio e, agora, a Ucrânia também tem o fornecimento. Neste momento, o Brasil tem em estoque aproximadamente 7 milhões de toneladas de fertilizantes que dá para atender demanda de até dois meses. Porém, já sentimos o reflexo da situação impulsionada pela guerra com os preços subindo”, explica o CEO da Coopercitrus, Fernando Degobbi.

De acordo com o executivo, “a cooperativa tem know-how com fertilizantes, com histórico de vendas acima de 800 mil toneladas/ano. Atendemos mais de 30 mil produtores, por isso, mantemos contato com rede de fornecedores e indústrias tradicionais e sabemos de suas estratégias, pois estou ligado diretamente com seus presidentes para acompanhar seus posicionamentos”.

No que se refere ao potássio, a dependência brasileira é de 95%, sendo que metade disso é fornecida por Rússia e Belarus, país aliado a Vladimir Putin. “Também dependemos consideravelmente da Rússia para o nitrato, por isso, entendemos que o momento é de usar ureia, outra fonte de nitrogênio que não vem de lá. O momento é de entender opções e até mudar manejos e a cooperativa vem achando alternativas que dependem menos desta região ou até que não dependam dela”, explica o CEO.

Segundo Degobbi, os produtores já adquiriram os insumos para o plantio da safra de inverno, mas aqueles que estão com programação de adubações de cobertura e de soqueira de cana-de-açúcar estão tomando decisões à curto prazo e aguardando os próximos desdobramentos. “Estamos observando todo este movimento e orientando o cooperado a tomar posição em curto prazo. Primeiro porque, o fertilizante é difícil de ser estocado e segundo, que quando se pensa nesta demanda de utilização para o segundo semestre, não sabemos se este fertilizante estará no Brasil. Temos que entender como será este desdobramento da crise. Não conseguiremos seguir o modelo dos anos anteriores em que comprávamos agora, para os fertilizantes serem entregues em agosto, setembro e outubro, mesmo que seja de empresa idônea, pois não sabemos o que acontecerá”.

Entretanto, o executivo assegura que todos os contratos fechados serão atendidos 100%. “Assim como no ano passado, continuaremos cumprindo com os nossos contratos, pois não está faltando produtos, mas o que está mudando são os preços, principalmente, dos fertilizantes que tiveram alteração substancial, bem acima dos valores do fim do ano passado. Considerando os preços de janeiro e fevereiro, antes da guerra, há produtos que registraram aumento de até 40%”.

Ainda de acordo com o executivo, “por exemplo, quando o preço sobe, determinadas regiões e produtores terão que mudar o manejo e entender as alternativas, para que as condições se encaixem. Estamos no olho do furação, por isso, é preciso entender as necessidades que são de curto prazo e suas alternativas. Não há como fixar posição com este cenário para demandas do segundo semestre”, afirma Degobbi, respondendo ao questionamento da Gazeta sobre a possível falta de fertilizantes. “Sim, pode faltar, principalmente, aquele que não tem no Brasil, caso a guerra não cesse e este conflito piore”.

Para Degobbi é difícil avaliar o futuro. “O cenário está bastante conturbado, por isso, oriento que o produtor procure seu consultor técnico ou agrônomo para entender a melhor alternativa. Hoje, o mercado é muito dinâmico e os reflexos acontecem em tempo real no mundo todo. Caso a guerra permaneça, estes reflexos serão piores, não há como avaliar, como disse, estamos no olho do furação.  Não há como fazer compromissos com fertilizantes que ainda não estão no país ou que não estão destinados para cá, pensando naquela região, temos que buscar estratégias e a Coopercitrus está fazendo sua parte. Quanto aos defensivos, a cooperativa está com estoque normal, inclusive, melhorando a cadeia de suprimentos de alguns produtos que estavam em falta no final do ano, porque não dependemos daquela região”.

Publicado na edição 10.655, de sábado a terça-feira, de 26 a 29 de março de 2022.