Bebedouro em 1884, ano oficial de sua fundação. Esboço feito a partir de informações de Tibúrcio Gonçalves Filho. Fonte: Manoel Izidoro Filho, 1991

Várias evidências indicam que as origens do arraial de Bebedouro remetem a um período anterior à data oficial da fundação, dia 3 de maio de 1884, quando ocorreu a doação da primeira parte do patrimônio pelo casal João Francisco da Silva e Ana Cesária Pimenta.

Dois anos depois, a 27 de agosto de 1886, e ainda no período do Império, houve a criação do distrito policial ou subdelegacia do arraial, então denominado São João da Boa Vista de Bebedouro, com a nomeação dos três primeiros funcionários.

Já no contexto republicano, o primeiro passo rumo à emancipação em relação ao município de Jaboticabal deu-se por meio da mobilização dos moradores da povoação, que encaminharam ao governo do Estado uma solicitação pela criação do distrito de paz.

O intento foi bem-sucedido após o atendimento de uma série de exigências da Comissão de Estatística do Estado, incluindo a disponibilização de imóveis para a instalação de órgãos públicos, como cadeia, câmara e sessão do júri. Desta forma, em 6 de setembro de 1892 foi criado o distrito de paz de Bebedouro, anexo ao município de Jaboticabal, fixando suas divisas territoriais.

No ano seguinte, foi dada entrada na Câmara dos Deputados do Estado de São Paulo, do projeto para elevação de Bebedouro à categoria de município, tendo sido atendidas todas as exigências constitucionais e regulamentares para sua aprovação. Após ser discutido em várias sessões do legislativo estadual, o projeto foi aprovado e em 19 de julho de 1894, após menos de dois anos da criação do distrito de paz, houve a criação do município, desmembrando-o do território de Jaboticabal, conforme as divisas já definidas anteriormente.

Oficializada a criação do município, o próximo passo foi a realização da primeira eleição municipal, para a formação da primeira legislatura da Câmara Municipal, composta por seis vereadores. Desta forma, foram eleitos para mandato de três anos, os seguintes edis: capitão Abílio Manoel, major Eduardo da Silva Pereira, tenente Alfredo Moreira, Antônio Gonçalves Valim, Francisco Pedro de Carvalho e Manoel Fragoas Ogando.

Entre as primeiras leis aprovadas pela Câmara, destaca-se a Lei Municipal no. 03, de 8 de janeiro de 1895, que estabeleceu a elevação do povoado à categoria de Vila de Bebedouro. Quatro anos depois, em 11 de março de 1899, a Vila foi elevada à categoria de cidade, graças à aprovação da Lei Municipal no. 34.

A conquista foi bastante festejada pela cidade, com realização de passeata pelas ruas e sucessivas saudações às autoridades locais e estaduais, ao presidente da República, ao diretório local do Partido Republicano e ao chefe político, coronel João Manoel.

Destaca-se que durantes muitos anos, no período ente os anos de 1899 e 1948, a data comemorativa do aniversário de Bebedouro foi o dia 11 de março, definida como o “Dia da Cidade”, no qual se tornou comum a realização de diversos eventos cívicos, festivos e religiosos. Até o ano de 1955, houve na região central uma rua denominada “11 de março”, que a partir deste ano passou a ser denominada “rua José Francisco Paschoal”. Foi quando, a “11 de março” passou a ser a denominação de uma rua localizada na Vila Major Cícero de Carvalho.

Finalmente, em 29 de dezembro de 1896, houve a criação da comarca de Bebedouro, após difícil processo que tramitou no legislativo estadual, tendo em vista a resistência de Jaboticabal, que não queria perder o controle das áreas sob a sua jurisdição. A instalação da comarca aconteceu somente em 5 de abril do ano seguinte, com a posse do primeiro juiz de direito, dr. Octaviano de Anhaia Mello, e do primeiro promotor público, dr. Antônio Pereira Cotrim.

Todo este processo apresentado ocorreu nas duas últimas décadas do século dezenove, ou seja, em um período relativamente curto, tendo gerado condições favoráveis para o contínuo crescimento econômico e populacional que caracterizou Bebedouro nos três primeiros decênios do século seguinte, sob o impulso da cafeicultura e da ferrovia.

(Colaboração de José Pedro Toniosso, professor e historiador bebedourense.

www.bebedourohistoriaememoria.com.br).

Publicado na edição 10.919, de quinta a terça-feira, 1º a 6 de maio de 2025 – Ano 100