
E o que é a dor?
Você acidentalmente toca em um fogão quente. Em milissegundos, você afasta sua mão. O que acabou de acontecer?
Você tem receptores de dor por todo corpo, tanto externos quanto internos. Estes receptores enviam mensagens elétricas através da medula espinhal até o cérebro. Você só toma consciência da dor depois que seu cérebro recebe e interpreta estas mensagens elétricas. Em alguns casos, como quando tocamos num fogão quente, o corpo pode entrar em ação defensiva, mesmo antes de o cérebro saber o que está a acontecer. Isso ocorre porque as mensagens de dor que chegam à medula espinhal podem causar uma resposta reflexa automática, fazendo com que os músculos próximos à fonte da dor se contraiam para fugir dela.
Os receptores de dor e as vias nervosas diferem em todo o corpo. Portanto, a sensação de dor também difere dependendo de onde a mensagem vem e como ela viaja. Às vezes, a fonte da dor è difícil de localizar. Por exemplo, algumas pessoas sentem dor de ataque cardíaco no pescoço ou na mandíbula. As pessoas também diferem na capacidade de tolerar a dor e na forma como respondem à medicação.
A dor é classificada em dois tipos: a aguda, que geralmente tem uma fonte clara; começa de repente; não dura muito tempo; pode aumentar as frequências cardíaca e respiratória e aumentar a pressão arterial. A dor aguda geralmente é útil. É um sinal claro de perigo. Os exemplos incluem tocar em uma superfície quente, dar uma topada no dedo do pé ou ser cortado.
O outro tipo é a dor crônica, que geralmente dura um mês ou mais ou pode durar anos; pode ir e vir muitas vezes ou permanecer constante; pode perturbar os padrões de sono, diminuir o apetite e causar depressão; muitas vezes tem pouco ou nenhum efeito sobre a pressão arterial, frequência cardíaca ou respiratória. A dor crônica pode sobreviver à sua utilidade, a mensagem foi enviada e recebida, mas continua sendo enviada continuamente. Exemplos incluem artrite, câncer e lesões nas costas.
A dor é o sintoma. A dor aguda geralmente tem origem clara. A dor crônica é mais persistente, durando meses ou anos e pode ou não ter uma origem óbvia.
Para diagnosticar a causa da dor, os médicos geralmente tentam determinar a intensidade dela e o que a causa. Isso pode ser desafiador. Nenhum teste laboratorial pode provar que a dor existe, e descrevê-la em palavras pode ser difícil. Além disso, cada pessoa experimenta a dor de maneira diferente. Seu médico pode fazer perguntas sobre o histórico de sua dor e pedir que você descreva-a usando uma escala, de 0 (sem dor) a 10 (dor insuportável) , ou use outras escalas e medidas. Depois que seu médico determinar se sua dor é aguda ou crônica e descobrir sua origem, ele poderá determinar a melhor maneira de tratá-la. No entanto, os médicos muitas vezes começam a tratar a dor antes de identificarem a causa.
A duração da dor depende de sua origem e gravidade
Tentar prevenir a dor antes que ela aconteça pode ser perigoso. A dor aguda é uma mensagem importante e essencial para a sobrevivência. Algumas pessoas nascem com uma doença rara (analgesia congênita) e não sentem dor. Elas vivem em grande perigo porque perdem sinais de alerta que podem significar vida ou morte .
Uma vez diagnosticada a causa da dor, pode ser possível evitar que ela retorne. Por exemplo, uma pessoa com diagnóstico de úlcera estomacal pode tomar medicamentos para curar a úlcera e prevenir a continuação da dor.
Tratamentos
Sempre depende da conduta médica. Muitos medicamentos podem ser úteis: analgésicos, anti-inflamatórios, corticosteroides, analgésicos narcóticos, antidepressivos, anticonvulsivantes, cannabidiol .
E os tratamentos não medicamentosos: acupuntura, massagem, relaxamento, psicoterapia, estimulação elétrica nervosa. Estes podem ser especialmente úteis para pessoas com dor crônica. Em alguns casos, estes tratamentos podem estimular analgésicos naturais, chamados endorfinas, que são criados dentro do corpo. Em outros casos, os tratamentos não medicamentosos atuam diretamente nos nervos, interferindo nas mensagens de dor. À vezes, não fica claro porque a dor cessa.
Dor significa que existe algum tipo de problema. E embora diferentes pessoas tolerem diferentes graus de dor, você nunca deve ignorá-la. Consulte um médico se não conseguir determinar porque está sentindo dor, se ela persistir ou se não responder a um tratamento simples.
Para pessoas com dor aguda, as perspectivas geralmente são boas. Muitos medicamentos são eficazes no alívio da dor. Quando a causa é removida, a dor diminui.
Já pessoas com dor crônica podem ter mais dificuldades. As fontes da dor podem ser difíceis de encontrar e de tratar, e a dor pode continuar, mesmo depois de suas causas serem abordadas. A dor crônica pode causar complicações como distúrbios do sono, perda do apetite e depressão.
A clínica farmacêutica pode contribuir com a equipe de profissionais, no sentido de evitar problemas ao paciente relacionados aos medicamentos, interações, efeitos adversos, adesão ao tratamento, impactos dos medicamentos na sua saúde, observar questões de saúde não tratada e, no caso de analgésicos opióides, o farmacêutico pode reconhecer a hiperalgesia induzida por estes (quando o paciente fica mais sensível a dor) .
Dor, ninguém merece.
Saúde, saúde, saúde!!!
(Colaboração de Luiz Assunção, farmacêutico clínico, especialista em acompanhamento fármaco-terapêutico, especialista em gastroenterologia funcional e nutrigenômica).
Publicado na edição 10.798, quarta, quinta e sexta-feira, 25, 26 e 27 de outubro de 2023