A inauguração do Primeiro Grupo Escolar de Bebedouro em 1913 representou o início de uma nova etapa na trajetória da educação do município.

Nos primeiros meses de 2022 três instituições escolares estaduais de Bebedouro celebraram suas trajetórias longevas. Desta forma, enquanto a Escola Estadual Abílio Manoel comemorou aniversário de 110 anos, outras duas festejaram cem anos de existência, a saber, Escola Dr. Paraíso Cavalcanti e Gustavo Fernando Kuhlmann, do distrito de Botafogo.

No entanto, considerando que o município possui oficialmente 138 anos, tais marcos históricos não significam a inexistência de escolas em suas primeiras décadas. Cabe observar que as três escolas citadas são as mais antigas em atividade, porém antes destas existiram várias outras unidades, públicas e privadas, que no decorrer do tempo foram extintas ou agrupadas.

No período em que ocorreu o surgimento do arraial de Bebedouro, vivia-se ainda nos tempos do Império, em que a educação escolar não recebeu a necessária atenção, nem nas capitais e, tampouco, nas povoações que surgiam no interior. Com isso, para atender uma demanda cada vez mais premente, surgiram os primeiros mestres-escolas, denominação dos professores de instrução primária que, geralmente, ministravam aulas particulares em suas próprias residências.

De acordo com os registros dos memorialistas e da imprensa bebedourense, os primeiros mestres-escolas surgiram na década de 1880, sendo Isaque Francisco Pimenta, João Jayme Juvenal, Joaquim de Souza Lima e José Nicolau Ferreira de Toledo os precursores da educação no município.

O ensino público teve início somente em 1893, por meio da Lei no. 219, assinada pelo Presidente do Estado, Bernardino de Campo, que criou duas cadeiras de instrução preliminar, uma para cada sexo. Em 1898, com a Lei no. 591, foram criadas cadeiras preliminares de ambos os sexos para atender aos povoados ou algumas fazendas: Alpes (Andes), Areia, Avanhandava (Monte Azul), Santa Cruz, Córrego dos Bois, Mandembo, Lambary (Turvínea) e Botafogo.

Ainda no século XIX, surgiram outras escolas públicas e particulares, incluindo duas unidades municipais criadas em 1896 através da Lei no. 11, uma para a sede do distrito e outra para o bairro de Areia.

No início do século seguinte, conforme o Anuário de 1907, havia em Bebedouro dezesseis escolas estaduais masculinas e quatorze femininas, além de cinco escolas municipais, distribuídas entre a cidade, povoados e zona rural. No entanto, nem todas funcionavam regularmente, tendo em vista a carência de professores, sendo que nas escolas estaduais somente seis eram providas por professores, enquanto as outras permaneciam vagas.

Em 1913, ano da inauguração do Primeiro Grupo Escolar, de acordo com o Anuário do Ensino do Estado de São Paulo, a população de Bebedouro era estimada em 24.000 pessoas, e em idade escolar era de 3.420 pessoas. Estavam matriculados 627 alunos nas escolas estaduais, já incluído o Grupo Escolar; 270 nas escolas municipais; e 134 nos estabelecimentos particulares. Com isso, a população em idade escolar que recebia instrução era de 1.031 pessoas, representando apenas 30,1% do total, ou seja, 69,9% não frequentavam escolas, apesar de estarem na idade prevista.

Observa-se que todos os estabelecimentos ofereciam somente o ensino elementar, inclusive os particulares. Sobre estes, os 134 alunos estavam distribuídos entre cinco escolas: Carlos Gomes, Sete de Setembro, Modelo, Alfredo Costa, Alfredo Caetano. Todas tiveram duração efêmera, exceto a Escola Carlos Gomes, do professor Norberto Dias de Castro, que por muitos anos funcionou na Praça Abílio Manoel.

Em 1922, ano da inauguração do Ginásio Luso Brasileiro, precursor da Escola Estadual Dr. Paraíso Cavalcanti, e das Escolas Reunidas de Botafogo, futura Escola Gustavo Fernando Kuhlmann, o ensino público de Bebedouro incluía um grupo escolar, duas escolas reunidas e doze escolas isoladas, que totalizavam 1.635 alunos matriculados, todos no ensino elementar. Entre os estabelecimentos particulares, Escola Fraternal, dos Fáveros e Carlos Gomes, Colégio Stellita, Externato Bebedourense e Sete de Setembro, somente os dois últimos ofereciam curso secundário, com apenas 23 alunos matriculados.

Nas décadas subsequentes novas demandas e políticas públicas resultaram na criação de inúmeras unidades escolares, públicas e privadas, ampliando a oferta de vagas em todas as etapas do ensino escolar.

(José Pedro Toniosso – Professor e Historiador).

Publicado na edição 10.668, de sábado a terça, 21 a 24 de maio.