
Chegou ao fim na sexta-feira (12), ‘Elas por Elas’, remake da obra de Cassiano Gabus Mendes, adaptado por Alessandro Marson e Thereza Falcão, às 18h. A novela inteira sofreu com audiência, do primeiro ao último capítulo, mesmo vindo na sequência de ‘Amor Perfeito’, que havia conseguido levantar os índices do horário. São muitas as explicações para isto, menos a qualidade do roteiro, direção e da obra em si.
Primeiro falando dos pontos positivos, ‘Elas por Elas’ não pecou artisticamente falando. O texto dos autores é impecável, os diálogos são bem estruturados e a história tem seus tropeços, claro, mas nada que atrapalhe. O texto tem qualidade. A direção de Amora Mautner não fica atrás, a novela é boa, tem fotografia condizente com a narrativa e até a trilha sonora é agradável, nada de pecado até ai.
A escolha do elenco também é boa. Lázaro Ramos como Mário Fofoca roubou a novela para si. O ator deu show do começo ao fim e interpretou mais um grande personagem. Lara, de Déborah Secco também foi uma boa personagem, mesmo a atriz se repetindo em papéis que sempre parecem os mesmos. Ela é boa, sem dúvidas, até mesmo em sua zona de conforto. A vilã de Isabel Teixeira merece todos os aplausos, a atriz mostrou toda sua versatilidade em cena e na reta final encantou a todos. Késia também mostrou seu talento em sua estreia como protagonista, dando show na pele de Taís, assim como Mariana Santos e Karine Telles, como Natália e Carol que mantiveram o tom exato de suas personagens, sem sair deles e ainda ganharam final inédito da versão original. Thalita Carauta também se destacou como Adriana, mostrando, mais uma vez, dominar o drama quando necessário.
A única protagonista que deixou a desejar foi Renée, vivida por Maria Clara Spinelli. A atriz pecou muito em cenas de emoção que exigiram demais e acabou não entregando tanto quanto a cena pedia. Às vezes, ao lado das colegas, ela ficava menor. Uma pena.
O casal jovem da história, Rayssa Bratilieri e Filipe Bragança deram show de química e conquistaram fãs, assim com as armações de Cris, vivida por Valentina Herzage. Os três merecem mais destaque na televisão daqui para frente.
Os autores adaptaram muito bem a trama da década de 80, trouxeram atualização necessária para os dias atuais, mudanças pertinentes no roteiro e a trama ficou agradável. O que pode ter dado errado, então?
Acontece que a Globo fez uma novela das sete, às seis. Simples. O gênero de ‘Elas por Elas’ é a cara de novela das sete, é propícia para o horário e isto afugentou o pessoal do sofá às 18h, que prefere ver tramas de época, romances no estilo água com açúcar e, por ai vai, basta ver a repercussão de tramas anteriores como ‘Amor Perfeito’ e ‘Além da Ilusão’.
Sem repercutir e sem saudades, ‘Elas por Elas’ sai de cena, rapidamente vai cair no esquecimento, mas tem a consciência tranquila de ter entregado para quem se fidelizou, um trabalho de alto nível.
Publicado na edição 10.836, de sábado a terça-feira, 13 a 16 de abril de 2024