Antonio Carlos Álvares da Silva
Os debates eleitorais entre os dois candidatos presidenciais deveriam ser proibidos para todos que concluíram o ensino médio. São feitas afirmações, que ofendem o bom senso do eleitor mais desatento. Vou dar exemplo de algumas mais escandalosas: Confrontada pela confissão de Paulo Roberto Costa, que o dinheiro extorquido das empreiteiras da Petrobrás ia para o PT, PMDB e anexos, Dilma, com a maior candura deste mundo, retrucou, que parte desse dinheiro ia também para políticos do PSDB (convenientemente um, que já morreu). Independentemente de ser verdade, ela confessou a corrupção na Petrobras. Pronto, está tudo acertado. A corrupção pode existir, desde que ela não beneficie somente o PT e aliados, mas, também partidos da oposição. Ela fez tal afirmativa, como se fosse um negocinho de pouca monta. Acontece, que Paulo Roberto Costa se dispôs a devolver cerca de 60 milhões de dólares, que ele tinha no exterior. Uma partezinha, do que ganhou com a corrupção, que, por sua vez, é uma partezinha daquilo que foi desviado da Petrobras. (O grosso era dado aos políticos). Essa barbaridade foi dita ao vivo na TV, como se fosse uma gorjetinha, que se dá na conta de um restaurante. Outra coisa de estarrecer, para usar uma expressão da moda: Dilma alardeou, que seu governo expandiu os cursos universitários no Brasil e hoje um número maior de brasileiros tem acesso a eles. A afirmativa choca, quando se lembra, que um número expressivo de crianças deixa o curso fundamental, sem ter aprendido ler e escrever e outros tantos saem do curso médio, sem entender aquilo que leram. Tradução: Um governo, que se diz para o povo, privilegia uma minoria de universitários e não dá prioridade para os cursos fundamentais, que servem o grosso da população. Porém, a impostura não parou por ai. Questionada pela subida da inflação, Dilma respondeu, que ela não é importante, porque o índice de desemprego no Brasil é de apenas 5%. Então, a inflação tem uma influência menor na vida dos brasileiros. Confesso, que não percebi, o que uma coisa tem a ver com a outra. Mas, mesmo passando por cima disso, quem se dispõe a analisar a afirmativa, raciocina o seguinte: A população ativa do Brasil, excluindo os menores, incapazes e aposentados, é de 160 milhões de habitantes. Daí, 5% de desempregados seriam apenas 8 milhões. Porém, acontece, que 50 milhões de brasileiros recebem a Bolsa Família. Será, que se pode considerar, que tem emprego, quem precisa da merreca da Bolsa Família para sobreviver? Além disso, é sabido, que 18 milhões de brasileiros, com idade entre 16 e 29 anos, nem trabalham, nem estudam. São os chamados “nem-nem”. Eles vivem às custas de parentes. Esses 18 milhões não são desempregados? Não, não, debate pra mim chega!
(Colaboração de Antonio Carlos Álvares da Silva, advogado bebedourense).
Publicado na edição nº 9763, dos dias 25, 26 e 27 de outubro de 2014.