Farmacêutico Clínico: solução estratégica para eficiência e segurança do Sistema Único de Saúde (SUS)

Luiz Assunção

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Dr. Luiz Antônio da Assunção, farmacêutico clínico, CRF 23.110 SP, Pós-graduado em acompanhamento farmacoterapêutico; e em gastroenterologia funcional e nutrigenômica. Foto: Divulgação

Prezados Gestores de Saúde,

A crescente demanda por assistência médica, o aumento da prevalência de doenças crônicas e o uso irracional de medicamentos impõem desafios urgentes ao sistema de saúde. Nesse contexto, a inclusão efetiva do farmacêutico clínico nas equipes de saúde não é custo, é investimento estratégico capaz de reduzir desperdícios, aumentar a segurança do paciente e melhorar a qualidade dos serviços prestados.

O problema: impacto do uso inadequado de medicamentos no Sistema de Saúde

Erros de medicação, reações adversas e baixa adesão ao tratamento são responsáveis por parte significativa das internações hospitalares evitáveis e dos custos desnecessários no setor público e privado. Dados alarmantes demonstram essa realidade: 50% dos medicamentos são utilizados de forma inadequada no mundo, segundo OMS; No Brasil, 72% da população se automedicam regularmente, aumentando riscos de intoxicação e interações perigosas; O desperdício de medicamentos e tratamentos ineficazes resulta em bilhões de reais perdidos anualmente no SUS e na saúde suplementar.

A ausência de acompanhamento especializado contribui para este cenário, resultando em um ciclo de agravamento de doenças, reinternações frequentes e aumento da pressão sobre hospitais e unidades de atendimento.

O Farmacêutico Clínico: eficiência e economia para o Sistema de Saúde

A atuação do farmacêutico clínico se traduz diretamente em melhoria na qualidade da assistência e redução de custos. Este profissional desempenha papel essencial na otimização das terapias medicamentosas, garantindo que os tratamentos sejam seguros, eficazes e economicamente viáveis. Suas principais atribuições incluem: Revisão de prescrições e reconciliação medicamentosa, prevenindo interações e otimizando tratamentos; Acompanhamento da adesão ao tratamento, reduzindo internações por complicações evitáveis; Racionalização do uso de medicamentos, evitando desperdícios e promovendo a prescrição baseada em evidências; Educação dos pacientes e capacitação de equipes, minimizando a automedicação e o uso indevido de fármacos; Atuação interprofissional, integrando-se as equipes médicas para decisões clínicas mais seguras e custo-efetivas.

Impacto Financeiro: redução de custos com internações e tratamentos ineficazes

Estudos demonstram que a inclusão do farmacêutico clínico em hospitais e unidades de saúde gera economia significativa para o sistema. Em países como Canadá e Reino Unido, a presença desse profissional já reduziu em até 30% os custos relacionados a eventos adversos a medicamentos e otimizou recursos hospitalares.

No Brasil, hospitais que adotaram serviços clínicos farmacêuticos registraram: Redução de até 50% nas reações adversas a medicamentos; Diminuição do tempo de internação de pacientes crônicos e idosos; Otimização de 20% a 40% nos gastos com aquisição e dispensação de medicamentos.

Oportunidade para o SUS e Saúde Suplementar

A implementação da atenção farmacêutica clínica no SUS e em instituições privadas pode ser um divisor de águas na gestão da saúde no Brasil. Algumas iniciativas que podem ser adotadas incluem: Inserção do farmacêutico clínico em hospitais, ambulatórios e Unidades Básicas de Saúde (UBS); Expansão da prescrição farmacêutica dentro das diretrizes de segurança e boas práticas; Programas de acompanhamento farmacoterapêutico para pacientes crônicos e polimedicados; Incentivo a serviços clínicos em farmácias comunitárias, fortalecendo o cuidado primário; Integração do farmacêutico clínico nas equipes multiprofissionais da saúde pública e privada.

A presença do farmacêutico clínico nos serviços de saúde não é apenas necessidade assistencial, mas solução inteligente para gestão eficiente dos recursos públicos e privados. A implementação de políticas que fortaleçam essa atuação pode reduzir significativamente custos com hospitalizações evitáveis, otimizando o uso de medicamentos e garantindo maior segurança aos pacientes.

O cenário atual exige decisões estratégicas. A pergunta que fica é: quanto tempo mais o sistema de saúde pode arcar com a falta deste profissional essencial para a segurança medicamentosa?

A valorização do farmacêutico clínico não é despesa extra – é investimento que resulta em economia real, maior eficiência e sistema de saúde sustentável.

Está na hora de trazer essa mudança para a realidade do Brasil.

Gestores de Saúde, o SUS precisa de farmacêuticos na linha de frente, realizando consultas, acompanhando tratamentos e promovendo o uso racional de medicamentos.

(Colaboração de Luiz Assunção, farmacêutico clínico).

Publicado na edição 10.907, sábado a sexta-feira, 1º a 7 de março de 2025 – Ano 100