Garota do Momento termina como um novelão e o casamento perfeito entre roteiro, direção e elenco

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Chegou ao fim - Garota do Momento conquistou o público com trama envolvente, atuações marcantes e direção primorosa. Destaque maior para a protagonista Beatriz, de Duda Santos. Foto: TV Globo/Divulgação.

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Quando Garota do Momento estreou em novembro de 2024, poucos poderiam imaginar o fenômeno em que a novela de Alessandra Poggi e direção artística de Natalia Grimberg se transformaria. Com início discreto, audiência morna e muitos questionamentos nas redes, a trama encontrou seu caminho, conquistou o público e encerrou sua trajetória na sexta-feira (27), ultrapassando a marca dos 200 capítulos com absoluto mérito.

O maior trunfo de Garota do Momento foi, sem dúvida, a solidez narrativa construída desde o início. Poggi escreveu sua história com segurança, mesmo diante do desafio do esticamento. Sim, houve ajustes de ritmo, antecipações aqui, atrasos acolá, mas em nenhum momento a novela perdeu sua essência ou foi desfigurada. Como alguns ‘críticos’ apressados sugeriram nas redes. Poggi seguiu fiel à história que queria contar, conduzindo com maturidade a complexidade de seus núcleos e personagens. O mérito disso também recai sobre Grimberg, cuja direção artística soube valorizar cada virada, cada emoção, cada respiração da novela.

Dentre os diversos núcleos, todos muito bem amarrados, o alívio cômico de Flavia Reis como a impagável Jacira foi uma grata surpresa. Mesmo com o risco de saturar o humor com a figura da Pata Paty, a atriz conseguiu manter o frescor e arrancar boas gargalhadas. Assim como Eduardo Sterblitch, soberbo na pele de Alfredo Honório, em cenas memoráveis ao lado de Maria Eduarda de Carvalho e Maria Flor. Um trio de alto nível.

No núcleo jovem, todos brilharam. Maísa, estreando na Globo como a vilã Bia, surpreendeu e mostrou força dramática, pronta para mais papéis de destaque. João Vitor Silva fez de Ronaldo um personagem marcante. Débora Ozório e Caio Manhente entregaram um casal romântico de extrema sensibilidade com Celeste e Edu, que certamente entra para a galeria dos grandes pares da teledramaturgia recente. Cauê Campos roubou a cena como Basílio, Klara Castanho emocionou com sua Eugênia, com ótima química com Gabriel Milane, o irritante (e depois querido) Topete. Pedro Goifman também brilhou como Guto, trazendo com muita dignidade o debate necessário sobre diversidade e aceitação, embora ainda falte mais representantes neste tipo de núcleo. Mariana Sena (Glorinha), Caio Cabral (Carlito) e Rebeca Carvalho (Ana Maria) igualmente se destacaram.

No elenco veterano, Carol Castro entregou possivelmente o melhor trabalho de sua carreira como Clarisse, madura e poderosa em cada cena. Fábio Assunção mostrou, mais uma vez, porque é um dos grandes atores de sua geração, completamente diferente de seus papéis anteriores. Sua parceria com Lilia Cabral (outro monstro da atuação) foi um verdadeiro presente para o público. E o que dizer de Bete Mendes? Um retorno grandioso, brilhantemente aproveitado por Poggi. Duda Santos e Pedro Novais, protagonistas, construíram uma Beatriz e um Beto com química, delicadeza e força, cativando o público até o fim.

Paloma Duarte e Danton Mello foram um show à parte como Ligia e Raimundo Sobral, enquanto Ana Flavia Cavalcanti, Carla Cristina Cardoso, Tatiana Tibúrcio, Solange Couto, Ícaro Silva e Felipe Abib também tiveram seus momentos de brilho. A participação especial de Daniel Rangel como Cássio Cavalcanti foi certeira e deveria, sem dúvida, ter se estendido até o desfecho.

E não há como não destacar Letícia Colin. Sua Zélia, marcada pela busca por vingança e destino trágico, foi uma aula de atuação. Colin entrega intensidade e verdade em cada papel que faz. Um nome obrigatório na prateleira das grandes atrizes brasileiras da atualidade.

É justo dizer que todo o elenco, incluindo nomes que não foram citados aqui, contribuiu para que Garota do Momento se consolidasse como um dos grandes acertos da teledramaturgia recente. Com texto sólido de Alessandra Poggi, direção impecável de Nathalia Grimberg e um elenco coeso, Garota do Momento é o casamento perfeito entre roteiro, direção e atuação. Quando isso acontece, o resultado só pode ser um: verdadeiro novelão.

Termino esta crítica com um desejo sincero: eu veria facilmente mais 200 capítulos dessa história. E como diriam as inesquecíveis Aparecida e Conceição, interpretadas brilhantemente por Mariah da Penha e Arlinda Di Baio: “Cala-te boca! Deus tá vendo!”

Publicado na edição 10.932, de sábado a terça-feira, 28 de junho a 1º de julho de 2025 – Ano 101