

A fundação do Ginásio Luso Brasileiro, em 5 de maio de 1922, representou uma nova etapa na educação escolar de Bebedouro, pois consolidou a oferta do ensino secundário na cidade e região. No entanto, o imóvel adaptado em que foi instalado inicialmente, mostrou-se insuficiente para atender a demanda, o que fez surgir a iniciativa de construir-se prédio próprio para a escola, com toda estrutura necessária, inclusive para acomodar alunos no regime de internato, tendo em vista que muitos provinham de outras cidades.
A intenção era edificar uma escola grandiosa, que comportasse cerca de 300 alunos, cuja construção foi orçada e contratada pelo valor de Rs 268:000$000 (duzentos e sessenta e oito contos de réis). A responsabilidade pela construção do prédio foi assumida pela Câmara Municipal, que emitiu letras com vencimento de juros e lançou uma campanha de subscrições destas ações, no valor de Rs 200$000 cada uma.
Em 7 de junho de 1924, a Câmara Municipal de Bebedouro publicou na Gazeta de Bebedouro: “Concorrência pública para a construcção de um prédio para Gymnasio […] O prédio deverá ser construído em terreno próximo ao campo da A. A. Internacional, de acordo com a planta e detalhes existentes nesta Prefeitura e que poderão ser examinados pelos interessados, declarando os proponentes o prazo para a construção e entrega do prédio, o preço, forma de pagamento, garantias que oferecem, etc.”
O lançamento da pedra fundamental do edifício do Ginásio Municipal foi marcado para o dia 23 de novembro de 1924, e conforme anunciado pela Gazeta, “[…] a cerimônia teve início às 16 horas, na praça Rio Branco, onde formou-se o grande desfile, composto dos alunos de todos os estabelecimentos do ensino público e particular, sendo acompanhado das duas corporações musicais da cidade, a banda “Internacional” e a corporação musical “Democratas”. […] No local da cerimônia, entre as autoridades presentes registrou-se o Coronel João Manoel, chefe político do município; Antônio Alves de Toledo, prefeito municipal, e dr. João Nogueira de Sá, juiz de direito, que fez o lançamento da primeira pedra, logo após a benção proferida pelo padre Francisco Garaude.”
No final de agosto de 1926 os empreiteiros contratados fizeram a entrega do prédio concluído, cuja construção totalizou Rs 314:884$000. Na sequência, a Câmara Municipal abriu concorrência para definir a direção do novo estabelecimento, tendo sido apresentada somente a proposta do professor Augusto Vieira que, após algumas adequações, resultou em um contrato com validade de cinco anos, de 1927 a 1931.
A inauguração do novo prédio foi marcada para o dia 28 de outubro e na data prevista, às 14 horas, um grande cortejo seguiu para o Ginásio Municipal. Inicialmente, discursou o dr. José Veríssimo Filho que, em seguida, em nome da comissão organizadora, ofereceu uma rica caneta de ouro para que o prefeito assinasse a ata de inauguração. Na sequência, o público pode visitar as instalações do Ginásio e depois foi oferecido um serviço de chopps. Somente às 18 horas ocorreu a dispersão dos presentes, dando por encerrada a programação oficial do dia.
A partir de 1927 deixou de existir o Ginásio Luso-Brasileiro e teve início a trajetória do Ginásio Municipal de Bebedouro, que herdou o corpo-docente e discente do estabelecimento anterior. Em 1933 foi concedida à escola o título de Estabelecimento Livre de Ensino Secundário, sendo equiparado ao Colégio Pedro II, do Rio de Janeiro.
O professor Orlando França de Carvalho assumiu a direção do Ginásio no início de 1931 e logo a escola precisou de nova expansão, sendo construído mais um pavilhão de salas de aulas. Com isso, houve a ampliação da oferta de vagas de 300 para 500 alunos, entre internos e externos.
Durante o período de 1927 a 1949, o Ginásio Municipal desenvolveu trabalho educativo de significativa importância junto a estudantes da cidade e região, além de grande destaque na área esportiva, cultural e social de Bebedouro. Em setembro de 1949, o estabelecimento foi transformado no Colégio Estadual e Escola Normal de Bebedouro, que corresponde à atual “Escola Estadual Dr. Paraíso Cavalcanti”. A trajetória da escola a partir desta mudança será abordada em outro artigo.
Publicado na edição 10.661, de sexta a quarta-feira, de 21 a 26 de abril de 2022.