A primeira edição da feira livre ocorreu em 1924 em outro local, mas desde 1930 tornou-se uma tradição de todos os domingos na praça Valêncio de Barros. Fonte: Gazeta de Bebedouro, edição de 13 de novembro de 2020.

A ideia de implantação da “Feira Livre” em Bebedouro remete ao início da década de 1920, quando a imprensa local publicava diversas notas cobrando esta providência do poder público tendo em vista os altos valores pagos pelos gêneros de primeira necessidade no comércio em geral.

Em fevereiro de 1924 “A Vanguarda” concluía que diante da impossibilidade de a Câmara Municipal construir um mercado público, o ideal seria o estabelecimento da feira livre, pois os produtores poderiam vender os seus produtos diretamente à população, sem cobrança de taxas e impostos, o que iria favorecer principalmente aos mais pobres.

Em setembro do mesmo ano, a “Gazeta de Bebedouro” informava que a Câmara havia autorizado a realização das feiras e que o então prefeito, Antônio Alves de Toledo, estava cogitando fazê-lo em breve, tendo sido escolhido como local a praça “Altino Arantes”, próxima à Estação Ferroviária, onde no final da mesma década seria construído o prédio da 3ª Divisão Administrativa da Cia. Paulista.

Desta forma, informava que “colonos e sitiantes, em vez de venderem suas mercadorias a intermediários interesseiros, poderão vir duas vezes por semana, à feira livre, onde facilmente se disporão dos aludidos artigos, obtendo melhores lucros e facilitando a aquisição deles ao público”.

Foi anunciada a realização da primeira Feira Livre em Bebedouro, no dia 21 de setembro de 1924, um domingo, tendo sido a referida praça capinada e adaptada para a montagem das barracas, onde seriam vendidos frangos, ovos, leitões, cereais, legumes e outros produtos. Inicialmente foi previsto o funcionamento em todas as quintas-feiras e domingos, no horário das 7 às 15 horas.

No entanto, o intento não logrou êxito, pois além da baixa adesão dos produtores e da própria população, possivelmente pela falta de hábito com este tipo de comércio. Desta forma, passados seis anos, ainda sob o governo do prefeito Antônio Alves de Toledo, o assunto voltou à cena, sendo anunciada a implantação da feira livre na praça “Valêncio de Barros”, no trecho defronte da Câmara Municipal (atual endereço da Prefeitura), devendo funcionar todos os domingos, das 6 às 13 horas.

Conforme publicou a Gazeta de Bebedouro, na edição de 10 de agosto de 1930, “Todas as mercadorias vendidas nas feiras livres estão inteiramente isentas de impostos municipais, o que se não dará com os vendedores ambulantes de todo e qualquer artigo de consum”.

Desta forma, a primeira edição da feira ocorreu no dia 24 de agosto de 1930, tendo movimento considerado regular, na expectativa de que nos domingos seguintes houvesse maior afluxo de vendedores e consumidores, o que poderia se tornar um hábito, assim como acontecera em outras cidades.

Apesar da boa aceitação do público em geral, os feirantes tiveram que enfrentar os protestos de grandes e médios comerciantes que alegavam estarem sendo prejudicados, tendo em vista que os preços praticados na feira podiam ser menores em decorrência da isenção de todos os tributos, com o que não concordavam.

Com isto, houve um breve período de supressão, mas logo depois a feira voltou a acontecer no mesmo local. A partir de julho de 1932, o comércio passou a ser realizado na praça “Cel. Conrado Caldeira”, atual “9 de Julho”, sob a justificativa de que o local possuía calçamento, o que favorecia mais comodidade e atendia aos preceitos de higiene, além de ser mais movimentada, pois era ponto de passagem aos que se dirigiam à Estação Ferroviária. Todavia, logo a feira voltou ao local anterior.

No decorrer dos anos houve várias tentativas de descentralização, com a criação de novas feiras também nos bairros. Em 4 de maio de 1985, por exemplo, o poder público publicou autorização para a realização de feiras livres no Jardim Paraíso (às terças-feiras); Vila Major Cícero de Carvalho (quartas-feiras); Jardim Novo Lar (quintas-feiras) e Jardim Cláudia I e II (sábados), mantendo a feira central aos domingos.

Assim como em outras vezes, as feiras nos bairros não foram bem-sucedidas, sendo logo canceladas, ao contrário daquela realizada na Valêncio de Barros que, exceto em raras ocasiões como no recente período de ocorrência da pandemia de Covid-19, continua acontecendo regularmente todos os domingos pela manhã.

(Colaboração de José Pedro Toniosso, professor e historiador bebedourense.  www.bebedourohistoriaememoria.com.br).

Publicado na edição 10.894, de 21 de novembro de 2024 a 10 de janeiro de 2025 – Ano 100