
Desde março de 2020, Bebedouro soma 3.209 pessoas infectadas pela Covid-19, segundo boletim epidemiológico de terça-feira (16). Deste montante, 2.836 residem em Bebedouro e 373 moram em cidades da microrregião, mas foram diagnosticadas em hospitais locais.
O boletim aponta ainda que 3.105 pacientes já estão recuperados do vírus (2.734 de Bebedouro e 371 da região), o que representa 96,7% do total, e 29 pessoas estão infectadas, cumprindo isolamento domiciliar. Até terça (16), outros 26 bebedourenses estavam sob suspeita da doença, aguardando resultados de exames laboratoriais.
Os óbitos em decorrência da Covid-19 subiram para 75, sendo os mais recentes inseridos neste último boletim, além de outras duas mortes registradas na segunda (15). As vítimas são três homens, de 61, 53 anos e 68 com doenças crônicas como diabetes e hipertensão. Todos faleceram no Hospital Estadual.
Na terça-feira, a ocupação de leitos em Bebedouro, no Hospital Estadual, está em 85%, com 17 pacientes em estado grave, dos 20 leitos disponíveis. Já na Unimed, devido ao crescimento repentino de internações graves, novos leitos de UTI Covid foram instalados, passando de seis para 11. Destes, nove estão ocupados (82%). Há ainda dois bebedourenses em UTIs de Barretos, segundo informa a Vigilância Epidemiológica.
As internações em enfermaria somam 18. Destas, 14 pessoas estão no Hospital Estadual, duas no Municipal e duas na Unimed, que ainda não constam do total de infectados.
Em alerta pelo aumento de casos e internações no município, a Prefeitura de Bebedouro, em parceria com a Unimed, publicou nota conjunta aos bebedourenses, solicitando a manutenção das medidas de combate à Covid-19.
“Considerando o crescimento do número de internações graves e aumento da taxa de ocupação dos leitos de UTI; que estamos num momento delicado da pandemia, onde nossos hospitais têm recebido grande volume de transferências de pacientes de outras regiões; que o Hospital Estadual encontra-se com 85% dos leitos de UTI ocupados e o Hospital Unimed com 82%, a Prefeitura de Bebedouro e a Unimed, em conjunto, alertam e reiteram a toda população, deste momento preocupante, sendo fundamental a necessidade de evitar aglomerações, utilização de máscaras e respeito às regras sanitárias locais e do Plano SP. Precisamos nos unir mais do que nunca. São muitas vidas em risco. Contamos com a colaboração de todos”, diz o comunicado.
Prefeitura permite realização de eventos festivos
No fim da tarde de sexta-feira (12), a Prefeitura de Bebedouro publicou novo decreto municipal permitindo a realização de eventos ou atividades culturais e festivas, mas com restrições. Para a tomada de decisão, o decreto considera a classificação de Bebedouro na fase laranja do Plano SP, a redução no percentual do índice de transmissão do vírus e o aumento da disponibilidade de leitos na região.
Sendo assim, ficam autorizadas as realizações de atividades e eventos culturais e festivos em salões de festa, buffets, clubes recreativos e similares, com público limitado a 40% da capacidade, utilização obrigatória de máscaras de proteção pelos convidados e máscaras, luvas e protetores faciais pelos funcionários, aferição de temperatura na entrada, disponibilidade de álcool em gel e intensificação dos serviços de limpeza. Nestes eventos, fica proibida a instalação de pistas de dança, devendo os convidados manterem-se sentados.
O descumprimento das determinações implica em multa de 10 UFMs (Unidades Fiscais Municipais), equivalente a R$ 1.095. Em caso de reincidência, os estabelecimentos terão seu Alvará de funcionamento cassado e consequente lacração imediata.
Nova cepa da Covid-19 espalha-se pela região e coloca Araraquara em lockdown
A ocupação das UTIs e a nova cepa do coronavírus provocaram lockdown em Araraquara e Américo Brasiliense, desde segunda-feira (15). Para sair na rua é preciso ter um motivo considerado ‘aceitável’ pelas autoridades. A situação vai durar, no mínimo, 15 dias, segundo as prefeituras.
A decisão foi tomada após ser identificado em Araraquara 12 casos da cepa brasileira da Covid-19, chamada P1, inicialmente identificada em Manaus. A circulação das mutações do vírus foi confirmada na noite da última sexta-feira (12), pelo Instituto de Medicina Tropical, ligado à USP. Os exames foram encaminhados ao IAL (Instituto Adolfo Lutz) para nova testagem. Especialistas apontam que essa cepa tem contaminação mais rápida, ou seja, espalha-se aceleradamente, oferecendo alto risco de colapso na rede de saúde.
A secretária de Saúde de Araraquara, Eliana Honain, estima que metade das pessoas que estão positivadas na cidade tenham sido contaminadas por alguma variante do coronavírus: “não há como fazer exame em todos para saber quantos possuem a nova cepa e por isso estamos trabalhando por amostragem. Acreditamos que cerca de 50%”, lamenta Honain.
O secretário de Saúde do Estado, Jean Gorinchteyn descartou a presença da variante britânica nos paciente de Araraquara. Em entrevista à GloboNews no domingo (14), o secretário havia citado que três casos eram da nova variante do coronavírus do Reino Unido, mas a informação foi corrigida na manhã de segunda-feira (15) como sendo P1, a cepa brasileira, identificada em Manaus.
Pesquisadores da USP estudam a probabilidade de haver novas cepas da Sars-CoV-2 em outras regiões do interior paulista. A proximidade geográfica, populacional e interdependência econômica fazem com que cidades como Ribeirão Preto e São Carlos sejam afetadas, indiretamente, pelas contaminações de Araraquara. De acordo com o médico sanitarista e professor de saúde pública da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp de Araraquara, Rodolpho Talarolli Júnior, há possibilidade de a nova variante já estar em circulação nestes municípios: “Já havia essa suspeita de novas cepas circulando na região, pois os municípios não são estanques. Se está aqui em Araraquara, está em São Carlos, Rio Claro, Ribeirão, no estado todo. O perfil de pacientes mudou bastante, temos mais casos de pessoas jovens e percebemos que o vírus está se espalhando cada vez mais rápido”, analisa o professor.
No estado de São Paulo já foram registrados 25 casos da variante brasileira em quatro cidades: 12 em Araraquara, nove em São Paulo, três em Jaú e um em Águas de Lindóia. Deste total, 16 casos são considerados autóctones, ou seja, em que os infectados contraíram a doença sem ter viajado ou tido contato com quem viajou para a região Norte do país, sendo todos os infectados de Araraquara e Jaú e um da capital paulista.
Publicado na edição 10.555, de 17 a 19 de fevereiro de 2021.