Uma confluência de eventos desestabilizadores do mercado agrícola mundial tem provocado instabilidade de preços e quebras nas cadeias logísticas e de produção. Eventos climáticos extremos, o conflito no Leste Europeu, a expectativa cruel de aumento da fome no mundo, os efeitos da pandemia na inflação de preços e nas redes de logística, a perspectiva de aumento de taxas de juros no mundo e a oscilação de câmbio com eventos domésticos e internacionais são desafios para o planejamento de custos, de receitas e do lucro na safra 2022/2023.
Neste contexto de altíssima incerteza macro, é crucial para a sobrevivência dos atores do agronegócio, do produtor rural até a multinacional do agronegócio, que medidas de absorção de impactos sejam tomadas para a mitigação de eventuais danos que venham se concretizar.
Assim, é importante a visão de curto, médio e longo prazos dos custos, com medidas de travamento e proteção de preços (hedge), contratação de financiamento saudável de custeio, negociação e adoção de contratos que prevejam situações de risco e protejam prévia e duradouramente os contratantes de eventos desagradáveis e criação de mecanismos de governança e controle que impeçam a contaminação de decisões equivocadas e de eventos desestabilizadores em toda a estrutura de produção, como o seguro rural. Prevenir é bem melhor que remediar.
(Colaboração de José Mário Neves David é advogado e consultor. Contato: [email protected]).
Publicado na edição 10.661, de sexta a quarta-feira, de 21 a 26 de abril de 2022.