Os medicamentos de uso contínuo são indispensáveis para o controle de muitas condições crônicas, como hipertensão, diabetes e transtornos metabólicos. No entanto, a utilização prolongada desses fármacos pode ter impacto significativo na saúde mental dos pacientes, aspecto este frequentemente negligenciado. O equilíbrio entre medicar a doença e preservar a saúde mental é essencial para garantir a qualidade de vida do paciente.
Alguns exemplos de como os medicamentos podem impactar a saúde mental do paciente:
Interferência química – muitos medicamentos atuam no sistema nervoso central, afetando neurotransmissores e, consequentemente, o humor e as emoções. Medicamentos como antidepressivos, antipsicóticos e até anti-hipertensivos , quando utilizados em longo prazo, podem desencadear sintomas como ansiedades, depressão e alterações no sono.
Depleção de nutrientes essenciais – medicamentos contínuos, como os usados para controlar colesterol (estatinas) ou diabetes (metformina), distúrbios gastrointestinais, omeprazol (prazois), podem causar depleção de nutrientes essenciais, como vitaminas b, magnésio e coenzimas, que são fundamentais para a saúde mental. A falta desses nutrientes impacta diretamente o funcionamento do cérebro e a produção de substâncias que regulam o humor.
Adaptação e dependência – em alguns casos, o uso prolongado pode levar à adaptação do organismo, exigindo doses cada vez maiores para o mesmo efeito, o que aumenta o risco de efeitos adversos, inclusive os que afetam a saúde mental. Além disso, a interrupção abrupta ou inadequada pode causar sintomas de abstinência, como ansiedade intensa, insônia e alteração de humor.
É fundamental que pacientes em uso contínuo de medicamentos estejam cientes dos possíveis impactos na saúde mental e que recebam acompanhamento farmacoterapêutico regular com um farmacêutico clínico especializado, para avaliar os riscos e ajustar o tratamento de forma segura. O equilíbrio entre saúde física e mental deve ser a prioridade, e medidas preventivas, como suplementação nutricional e monitoramento frequente, podem ser estratégias importantes.
Se você ou alguém que conheça utiliza medicamentos contínuos e sente alterações no humor ou na qualidade de vida, busque orientação de um profissional especializado. A saúde mental é tão importante quanto a saúde física, e cuidar dela é parte essencial do tratamento.
(Colaboração de Luiz Assunção, CRF 23.110 SP, farmacêutico clínico integrativo, com pós-graduação em acompanhamento farmacoterapêutico; pós-graduação em gastroenterologia funcional e nutrigenômica).
Publicado na edição 10.881, de sábado a terça-feira, 19 a 22 de outubro de 2024 – Ano 100