Não entram em campo e querem aparecer

0
377

Antonio Carlos Álvares da Silva

A estréia do Brasil na Copa foi destaque na mídia, na semana passada. Os jornais e a TV ocuparam grande parte de seu espaço, para mostrar não só o jogo em si, mas, também, sobre tudo, que se falou sobre ele.
Essas opiniões foram emitidas, por uma classe, que funciona paralelamente ao esporte, formada pelos chamados comentaristas. O futebol é uma atividade esportiva, que não evoluiu no tempo. Com isso, as equipes foram ficando cada vez mais parecidas e só a paixão do torcedor pode fazer gostar mais de uma, do que das outras. Então, para aumentar o interesse do público, surgiu essa classe especial de jornalistas, apelidada de comentaristas. Com a Copa, seu número aumentou e incluiu alguns pára-quedistas, como antigos jogadores, artistas, etc. A princípio, sua função não é muito lógica. O espectador está vendo o jogo, ao vivo, e o comentarista, durante, ou depois dele, tenta explicar, o que ele está vendo, ou acabou de ver. Convenhamos, não é tarefa fácil, convencer o espectador aquilo, que aconteceu, na sua visão individual. Na verdade, excluindo aqueles assistentes, que são lerdos, ou distraídos, é complicado, contar a eles, o que está acontecendo. Daí, para chamar atenção, o comentarista tem, que emitir opiniões polêmicas e provocar discussão sobre fatos, que estão sendo passados na hora. Com isso, o comentarista, quer fazer parte do jogo, tal qual, ou mais que os jogadores. Isso cria muita confusão e várias vezes, o que passou na tela é trocado, por aquilo, que o comentarista acha, que aconteceu. E se torna a verdade fabricada. Isso aconteceu, com a jogada, que culminou com o segundo gol do Brasil, no jogo contra a Croácia. O zagueiro croata segurou o braço do atacante brasileiro Fred, dentro da área, por alguns segundos, até ele cair e interromper o lance. O juiz japonês apitou pênalti. Embora tivesse ficado muito claro, que a mão do defensor tinha segurado o braço do brasileiro, alguns comentaristas brasileiros e estrangeiros entenderam, que não houve pênalti, porque esse contato com a mão não fora suficiente, para derrubar. Sentindo, que esta análise sobre a intensidade com a qual o braço fora seguro não suficiente para apoiar sua opinião, alguns comentaristas resolveram invadir o cérebro do árbitro japonês. E na penúltima prega do cérebro descobriram, que marcou o pênalti, para compensar, um outro pênalti que ele não havia dado na copa de 2010, a favor do Brasil. Esses comentaristas são de lascar. Nem o detetive Dick Tracy faria igual. Muitas outras hipóteses foram levantadas e a versão do pênalti roubado correu o mundo, para alegria da torcida estrangeira. Em seguida, a imprensa desses países passou a pressionar o Comitê de Arbitragem da FIFA, para agir contra o Brasil. Eu não sou especialista em futebol e suas regras, mas, acho de uma lógica invencível, que segurar o braço do adversário com a mão prejudica a plenitude de sua movimentação, portanto, tem que ser falta. Dentro da área é pênalti. É óbvio, que essa opinião não é só minha, muitos comentaristas também acharam, inclusive o Comitê de Arbitragem da FIFA. Então, aqueles comentaristas, que tiveram seu momento de glória, ao negarem o pênalti, sumiram da mídia.
Apenas, o comentarista da Globo, Arnaldo César Coelho voltou ao assunto. Admitiu, que o pênalti pode ter existido, porque o juiz não tem meios de medir a intensidade com que a mão tinha segurado o braço e saber, se ela fora suficiente, para tolher o movimento do atacante. Será, que os comentaristas tinham meios de medir? E também encerrou o assunto. É bola para frente, que o jogo é de taça!
(Colaboração de Antonio Carlos Álvares da Silva, advogado bebedourense).

 

Postado na edição nº 9709, do dia 21, 22 e 23 junho de 2014.