Nascidas em Bebedouro, artistas de sucesso nacional

José Pedro Toniosso

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Cinderela, a esquerda da foto, nascida Luiza Trevizan. Fonte: O MUNDO ILUSTRADO. RJ, edição 012, 1956. Disponível em http://bndigital.bn.gov.br/ E, Giane, nascida Georgina Morozini dos Santos. Fonte: https://www.letras.com.br/giane/biografia

Entre as décadas de 1950 e 1970 duas bebedourenses fizeram sucesso no cenário musical brasileiro. Conhecidas pelos nomes artísticos de “Cinderela” e “Giane”, aspectos de suas trajetórias são apresentadas a seguir.

Luiza Trevisan, a Cinderela de Bebedouro

“Loura, profundamente loura, franzina, de olhos azuis esverdeados, um metro e cinquenta e sete centímetros de altura, voz de rouxinol, seu temperamento é alegre e expansivo, …” estes eram alguns dos adjetivos atribuídos a Cinderela, artista que fez muito sucesso no mundo artístico paulista entre as décadas de 1950 e 1960.

Nascida em Bebedouro, em dezembro de 1934, chamava-se Luiza Trevisan e mudou-se para Ribeirão Preto ainda na infância, onde permaneceu até 1951. Logo despontou na área artística por meio de um programa de calouros na Rádio Clube daquela cidade, quando recebeu o slogan “A expressão viva do samba”. Mas sua intenção era ir para a capital, onde acreditava que poderia ter melhores oportunidades.

Na cidade de São Paulo, passou por várias emissoras de rádio, incluindo Tupi, Cultura, Bandeirantes, Piratininga e Record. Do rádio, logo passou para a TV, iniciando pela Record no programa “Big Show”, apresentado por César de Alencar, tendo atuado como garota propaganda, tele atriz e locutora. Posteriormente trabalhou também na TV Paulista, precursora da Globo.

Também atuou em várias boates, como Arpege, Esplanada, Lord e Oásis, onde cantava e dançava, mas foi no restaurante do Hotel Excelsior que surgiu o apelido de “Cinderela”. Conforme contou em várias entrevistas, em um dos cinemas próximo à boate, estava sendo exibido o filme Gata Borralheira e ela usava um vestido longo branco, o que levou a associarem sua imagem à da personagem do filme e passassem a chamá-la de Cinderela repetidamente, o que fez com que o nome “pegasse”.

Gravou vários discos, o primeiro em 1954, tendo passado por várias gravadoras. Por cinco vezes foi campeã como cantora do Carnaval paulista, e obteve o título de “Rainha do Carnaval de São Paulo”.

Atuou também como vedete, e foi para o teatro de revistas, excursionando por várias cidades do Brasil e, depois, esteve em Buenos Aires, na Argentina. No cinema, participou como atriz no filme “Vou te contá”, comédia musical lançada em 1958, que intercalava a história com vários números musicais de sambas e marchas de carnaval interpretados por conhecidos artistas da época.

Em 1962, tornou-se Luiza Trevisan Felipe, após casar-se com Ary Felipe, quando então abandonou a carreira artística.

Giane, a “voz doçura” da música brasileira

Nascida em Bebedouro, em 10 de dezembro de 1936, Georgina Morozini dos Santos, logo mudou-se para Jaboticabal e depois para Ribeirão Preto, onde deu início a carreira artística com 15 anos de idade, como cantora e garota propaganda da retransmissora da extinta TV Tupi, além de ser crooner da Orquestra Sul América, de Jaboticabal.

Com o nome artístico de Giane, gravou o primeiro disco em 1962, um compacto simples 78 rpm, pela gravadora Chantecler, com o bolero “Por Acaso”, de autoria dos compositores Antônio Ávila e Paulo Aguiar. Graças à sua versatilidade vocal, além de boleros, gravou vários outros ritmos como baladas e rock.

Em 1964 alcançou o primeiro lugar nas paradas musicais com a música “Dominique”, versão em português da original gravada pela belga Souer Sourie. A música permaneceu por cerca de seis meses nas paradas, fazendo sucesso em outros países da América Latina e em Portugal.

Nas décadas de 1960 e 1970 gravou outros discos e conseguiu obter sucesso com diversas músicas, com destaque para “Estrada do Sol”, versão de “Alle Porte del Sole” de Gigliola Cinquetti. Interpretando esta música ganhou o Festival de San Remo, realizado na Itália, em 1972.

Ao longo de sua carreira gravou cerca de vinte discos, entre compactos e LPs, tendo recebido diversos prêmios, incluindo o Troféu Chico Viola, em 1964, e o Troféu Roquette Pinto, como melhor cantora, em 1965. No auge de sua carreira fez constantes apresentações nos programas televisivos em todas as emissoras. Em 1968 gravou a música “Não esqueço jamais”, um dos temas da novela “Antônio Maria”, da extinta TV Tupi.

Nas décadas seguintes gradativamente se afastou do mundo artístico, mas nos últimos anos fez algumas aparições esporádicas em programas de televisão.

(Colaboração de José Pedro Toniosso, professor e historiador bebedourense www.bebedourohistoriaememoria.com.br).

Publicado na edição 10.855, de sábado a sexta-feira, 6 a 12 de julho de 2024 – Ano 100