No segundo dia da CPI da Merenda, deputados reclamam que investigados estariam mentindo

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O denunciante sob sigilo

Na quarta-feira (17), foi a vez da oitiva do ‘denunciante’ João Roberto Fossaluzza Júnior, que teria solicitado ser ouvido de forma sigilosa, sem a presença da imprensa no plenário, o que foi aceito pelos deputados. Segundo informações extraoficiais, Fossaluzza teria chegado à Alesp de capuz e durante a sessão teria se limitado a falar apenas sobre contratos municipais e funcionários da Coaf. O investigado não teria citado o nome de nenhum deputado. A Gazeta publicará na edição de sábado (20), o conteúdo deste depoimento que está sendo transcrito pela Alesp.

O emissor de DAP’s

Após Fossaluzza, o servidor público da Casa da Agricultura de Monte Azul, Carlos Eduardo Silva, detido na segunda etapa da Operação Alba Branca, foi ouvido pelos parlamentares onde teria justificado sua participação na cooperativa, eximindo-se de qualquer participação em possível fraude, afirmando que as irregularidades não estavam nas emissões de DAP’s (Declaração de Aptidão ao Pronaf) e sim em sua má utilização pela Coaf. Mencionando receber prolabore da Coaf, antes de ser servidor público, disse ter por diversas vezes mencionado a Cássio Chebabi, seu desejo em deixar a cooperativa. O que teria feito tempos depois, ao ser orientado a formalizar o pedido de demissão.

Auxiliar administrativo

O último a ser ouvido na quarta-feira (17), foi o ex-funcionário da cooperativa Caio Pereira Chaves, uma espécie de auxiliar administrativo, contratado em 2013, que fazia pagamentos e conferências bancárias da Coaf. Os parlamentares o julgaram ‘peixe pequeno’ do esquema, mas sabatinaram o ex-funcionário que estava acompanhado de sua advogada Clélia Fogolin.
Questionado, o investigado revelou que fazia inúmeras transações financeiras em espécie, inclusive citando um cheque no valor de R$ 10 mil, nominal a Camila Chebabi, esposa de Cássio Chebabi, que não trabalhava na Coaf, e entregue diretamente ao então presidente, confirmando posteriormente, no extrato bancário da Coaf, o pagamento do cheque. Chaves também confirmou que Cássio usava o cartão corporativo de crédito da Coaf para despesas pessoais e que também efetuava pagamento dos financiamentos dos veículos do presidente, com recursos da Coaf.
Sobre agentes públicos, o investigado disse não ter conhecimento, tendo ressalvado um cheque de R$ 50 mil, nominal a José Merivaldo, ex-assessor de Fernando Capez, que foi devolvido por insuficiência de fundos.
Chaves também salientou que, na cooperativa, havia prioridade: “A prioridade era pagar as comissões. Podia atrasar os salários dos funcionários, mas as comissões não. Era sagrado”.

Ausente

Ainda na quarta-feira (17), o investigado Adriano Miler, responsável pelas finanças da cooperativa, deveria ter sido ouvido, mas não compareceu, alegando através de petição de seu advogado, estar com pneumonia, atestado pelo médico Tiago Elias, o que também foi questionado pelos parlamentares, ao saberem que Elias ocupa o cargo de vereador, em Bebedouro. Procurado pela Gazeta, o advogado de Miler, Cesar Correa diz: “Foi feita uma petição de justificação para o presidente da CPI da Merenda, informando que meu cliente Adriano Miler, desde o dia 11 de agosto de 2016, encontra-se acometido de pneumonia bacteriana, doença esta descrita na CID J15. Até o presente momento não fui informado oficialmente da resposta dada pelo presidente desta Comissão Parlamentar de Inquérito, quanto ao meu pedido de redesignação desta convocação do Adriano. Desde já esclareço que Adriano Miler não está se furtando a comparecer junto à CPI da Merenda e sim, pleiteando um prazo razoável para que se restabeleça e organize os seus compromissos para poder realizar a viagem até São Paulo e ser ouvido”.
O médico que assinou o atestado de pneumonia a Miler, Tiago Elias confirmou a Gazeta o estado de saúde do seu paciente. Elias afirmou que Adriano Miler apresentava todos os sintomas da doença diagnosticada por ele.
No final da sessão, a CPI aprovou o convite para que o deputado Fernando Capez compareça à comissão para esclarecer a menção de seu nome pelos investigados.

Publicado na edição nº 10024, de 18 e 19 de agosto de 2016.