O chefe da casa está?

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Nas últimas décadas, muda o perfil das famílias e principalmente aumenta a liderança feminina.

A imagem da mulher sentada ao lado do marido, é peça de relíquia, guardada apenas em retratos antigos pendurados nas paredes das casas, geralmente, referentes aos avós. Nos dias de hoje é muito mais comum encontrar lares liderados por mulheres.
A imagem feminina submissa começou a mudar com o surgimento da pílula anticoncepcional, que deu às mulheres o poder de decisão em ter ou não filhos e quando tê-los. Antes, muitas eram submetidas a gravidez sucessivas, obrigadas a dedicar-se exclusivamente à criação dos filhos.
Sem tempo para participar da economia ativa através do mercado de trabalho, eram submissas porque dependiam 100% do pai e depois do marido para o próprio sustento. Com a liberdade da contracepção nas mãos, a mulher passou a ter tempo para estudar e participar do mercado de trabalho.
Com a permissão legal do divórcio, em 1977, através da lei de autoria do senador Nelson Carneiro, o casamento deixa de ser o único destino da mulher para tornar-se uma opção. A partir dali, ela passa a decidir se quer namorar, morar junto, ou permanecer sozinha. Não depende da presença masculina para sentir-se realizada na vida.
Neste período, enquanto surge a curva ascendente da mulher, aparece o traço descendente masculino. A evolução vem de um lado, enquanto o outro manteve-se apegado a convenções e padrões de vida.
Todos os dias surgem histórias de mulheres abandonadas com filhos, trocadas por outras mais jovens, porém, não menos iludidas, do caráter do novo companheiro. As separadas e divorciadas, de quem os homens esperavam imagens próximas da viuvez, a maioria dá a volta por cima, como assim descreve o compositor Chico Buarque, na canção Olhos nos Olhos, composta em 1976, no verso: “olhos nos olhos, quero ver o que você faz, ao sentir que sem você, eu passo bem demais”.
Vivenciamos uma sociedade em que o casamento que resiste é tão somente aquele construído na base do amor, aliado ao companheirismo e ao respeito mútuo.
No mundo corporativo e nos lares, já é comum encontrar mulheres no comando de empresas e à frente de famílias. Por isto, não tem mais cabimento, alguém à porta da residência, perguntar se o chefe da casa está. Para não errar já é preciso trocar o artigo masculino pelo feminino e preparar-se para falar com uma guerreira, que ama, sonha, é sensível, chora, mas dificilmente deixa-se enganar.
Para finalizar, há muito já mudou-se a frase, “atrás de um grande homem há uma grande mulher”. Hoje, atrás de um grande homem, tem o fim da fila, porque a mulher está a muitos passos à frente.

Publicado na edição nº 9667, dos dias 8, 9 e 10 de março de 2014.