
No último dia 29, a Polícia Federal prendeu temporariamente, com muito estardalhaço, um grupo de pessoas conhecidas como “Amigos do Temer”. Entre eles, o advogado José Yunes, o coronel da reserva João Batista Lima e o ex-deputado de Ribeirão Preto, Wagner Rossi. A prisão foi decretada pelo ministro do STF Luiz Roberto Barroso. A justificativa foi conseguir prova de favorecimento da empresa Rodrimar, que opera no setor de cargas do Porto de Santos. As prisões foram acompanhadas por toda a imprensa, inclusive a TV. Essas prisões alcançaram 13 pessoas, todas filmadas e fotografadas. Faz mais de 40 anos, que não trabalho na área criminal e não estou atualizado. Mas, sempre soube, que investigações, para obtenção de provas, têm que ser realizadas em total sigilo. A razão é óbvia: Como seu nome indica, ainda não constituem meio de prova, mas, tentativas para obtê-las. Assim, não deveriam vir a público, antes de consegui-las. Em quantidade e valor suficiente para, ao menos sustentar a propositura da denúncia pelo Ministério Público. A prisão e sua larga publicidade antes de conseguir as provas trazem grandes prejuízos materiais e morais aos detidos, seus familiares e amigos. Um exemplo disso: Dias atrás, a Procuradoria Geral da República pediu o arquivamento de inquérito, que investiga o senador José Serra. Isto é, não tinha provas para fazer a denúncia.
Ao contrário do pedido de abertura do inquérito, feito com ampla publicidade, o requerimento de arquivamento não foi anunciado à grande imprensa. (Estadão, 30-3-18 A-2). No caso atual, a situação ficou ainda mais estranha, porque as prisões não duraram nem dois dias. Revogação a pedido da Procuradoria. A justificativa para essa revogação foi, que os acusados foram ouvidos e as buscas foram realizadas. Nesse ponto, quero deixar claro, que não estou defendendo a inocência dos detidos. Critico a publicidade das providências, antes da possível obtenção de tais provas. Depois, sou prático. Tenho certeza, que essas prisões e buscas não deram em nada. A razão é simples: Vocês acham, que o advogado José Yunes, com 50 anos de carreira, sabedor, há meses, que as investigações estavam sendo feitas, iria fazer um depoimento declarando algo que o culpasse, ou a qualquer de seus amigos? Acham que depois da Rodrimar estar sabendo há vários anos, que suas atividades estavam sendo investigadas, os envolvidos iriam deixar algum documento em local de suas atividades, para serem encontrados pela Polícia Federal? Daí, a única conclusão é a seguinte: Temer nunca foi nenhum santo. Está sendo alvo, porque virou presidente e anunciou sua candidatura. Quanto maior o peixe fica, mais gente quer pescá-lo.
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Leia mais na edição nº 10249, de 7,8 e 9 de abril de 2018.