Aos portadores de doenças graves tem sido negado o pagamento de benefícios, mesmo que incapacitados para o trabalho.
Esta semana, chegou à redação da Gazeta, o caso do pedreiro, portador de câncer no intestino, que teve negado o pagamento de ‘auxílio doença’. Já é inacreditável que a pericia médica suspenda o beneficio diante de enfermidade tão agressiva, mas é estarrecedor saber que o Ministério da Previdência protela o cumprimento de ordem judicial.
Não é o caso de usar as páginas do jornal mais tradicional da cidade para crucificar os peritos médicos do Instituto Nacional de Previdência Social (INSS). O excesso de rigor é fruto dos bilionários prejuízos aos cofres públicos com fraudes em laudos fajutos e atestados médicos escritos, apenas para conceder recursos elaborados para dar vazão a esquemas de corrupção.
É revoltante que, exceto a ex-advogada Jorgina de Freitas, que foi para a cadeia após desviar cerca de R$ 1,2 bilhão do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), na década de 1990, poucos criminosos tenham sido presos. A quase infinidade de recursos judiciais permitida aos réus impede as punições.
Sem os maus exemplos atrás das grades, o INSS resolve ser mais rigoroso nos processos de concessão dos benefícios. Infelizmente, os reais prejudicados são as pessoas de bem, que acometidas de doenças, são vergonhosamente submetidas a exames, que na maioria das vezes, resultam em injustiça social.
Transformados em vilões pelo sistema previdenciário, os peritos criminais são alvos de agressões verbais e até físicas cometidas por parentes indignados das pessoas que precisam do benefício.
Porém, dá para suspeitar que os peritos apenas sejam parte do esquema equivocado do Ministério da Previdência que precisa reestudar a forma de concessão dos benefícios, com etapas de segurança de fraudes, sem prejudicar as pessoas que realmente precisam receber o auxílio doença, ou até serem aposentadas, compulsoriamente, por não gozarem mais de capacidade física para trabalhar.
Nada disto que foi escrito é segredo no Palácio do Planalto. Porém, seja quem for o ocupante da sala da Presidência da República, nada é feito para mudar a situação. Simplesmente, pelo fato de nenhum deles, e nem seus parentes, terem sofrido a humilhação por que passa o pedreiro portador de câncer, em Bebedouro.
Publicado na edição n° 9499, dos dias 17 e 18 de janeiro de 2013.
