
Sobrinho do prefeito Italiano conta sua versão da Operação Cartas Marcadas, mas muitos outros poderiam falar.
No final da tarde de sexta-feira (30 de novembro), Rafael Bianchini Marcussi, sobrinho do prefeito Italiano, esteve na redação da Gazeta para dar pela primeira vez, entrevista sobre a Operação Cartas Marcadas, o maior escândalo político da história de Bebedouro.
Em quase duas horas, o jovem deu sua versão sobre os fatos. Mas a sensação após a entrevista, foi de atraso. Não por parte da Gazeta que sempre fez questão de ouvir todos os envolvidos sem fazer pré-julgamentos. Todos são inocentes até prova em contrário. Jornais não substituem o Poder Judiciário, nem devem fazer julgamento de ninguém.
A exemplo de Rafael Marcussi, todos os arrolados como suspeitos de participar do suposto esquema de fraudes em licitações deveriam ter procurado os meios de comunicação para dar suas versões. É lógico que os advogados de cada um dos envolvidos deve ter orientado o silêncio. Foram prudentes. Mas este longo tempo de silêncio somente serviu para corroer a imagem de cada um.
A declaração das pessoas que tiveram seus nomes relacionados pelo Ministério Público podem servir para ajudar esclarecer e também para mostrar como funcionava o Governo Italiano visto pelo lado de dentro.
É interessante a fala do ex-diretor de gabinete revelando o comportamento do vice-prefeito Gustavo Spido nos bastidores. Encaixa-se como uma luva na teoria levantada pela Gazeta desde 2010: a maior oposição a Italiano sempre partiu de seu próprio grupo político.
Enfim, a derrota de Italiano pode ter iniciado quando da formação de sua coligação, lá em junho de 2008. O que veio depois foi apenas consequência. E assim, perdemos quatro anos.
Publicado na edição n° 9482, dos dias 4 e 5 de dezembro de 2012.