Quanta coisa junta!

José Renato Nalini

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As emergências climáticas nos deixam aturdidos, tamanha a gravidade da situação, que o negacionismo continua a insistir que é invenção de ambientalistas catastrofistas. Tudo importa quando se cuida de defender vidas cuja despedida deste planeta é apressada por força dos fenômenos extremos. São enchentes que levam carros e corpos, deslizamentos que esmagam famílias, árvores que caem sobre carros e matam motoristas.

Tudo isso é consequência da excessiva emissão dos gases venenosos causadores do efeito estufa. Mas é incrível como se insiste em prospectar petróleo, em continuar a usar o óleo diesel, em resistir à utilização do etanol, em detonar o carro elétrico, em construir de forma sovina, sem deixar um centímetro quadrado de terra, para que a água se infiltre no solo e reabasteça os lençóis freáticos.

Um comunicado do cientista Paulo Artaxo, que o Presidente Lula fez questão de transmitir a seus Ministros, causa nos negacionistas reações bizarras. Como se a proposta do professor da USP fosse acabar com o agronegócio. Não é isso, imbecil! É possível fazer uma agricultura não devastadora, não exterminadora, que se preocupe com a preservação de uma faixa de floresta. Esta é que garante serviços ecossistêmicos gratuitos e o não desaparecimento da água, que está num horizonte cada vez mais próximo.

Tudo interessa para a salvação de vidas: trocar ônibus movidos a diesel por ônibus elétricos e movidos a biometano. Usar mais etanol nos carros leves. Plantar árvores. Plantar mais árvores. Quando cansar, plantar mais árvores ainda.

Essa é a melhor tecnologia disponível e a certeza de que as temperaturas mais amenas deixarão de matar milhares de pessoas, que morrem porque o ser vivo não suporta calor acima de 35 graus. E este recorde tem sido quebrado todos os dias deste 2025 tão emblemático: o ano da COP30, que se reunirá numa Amazônia que é alvo da bandidagem, do garimpo ilegal, do extermínio do futuro. Queira Deus possamos extrair resultados úteis para esse encontro de muita discussão e nenhuma prática.

(Colaboração de José Renato Nalini, reitor da Uniregistral, docente da Pós-graduação da Uninove e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo).

Publicado na edição 10.923, de sábado a sexta-feira, 17 a 23 de maio de 2025 – Ano 100