
Relatório da Comissão de Transição revela caos na administração da Prefeitura de Bebedouro.
Quem teve acesso ao relatório da Comissão de Transição teve a sensação de ter visto antes todos aqueles casos de irregularidades. E não estava errado, porque em 48 meses de administração do prefeito João Batista Bianchini (PTB), o Italiano, todos os fatos foram amplamente divulgados em reportagens.
O que o relatório fez foi confirmar cada suspeita levantada nas matérias da Gazeta. O que não apareciam eram as informações do lado oficial. Diretores foram sistematicamente proibidos de conceder entrevista. Listas de perguntas não respondidas foram colecionadas nesse tempo todo, nem quando era dado mais de um dia para análise.
Terminada esta gestão política, todos os ex-assessores ficam livres para dar entrevistas. É preciso, porque a reputação de muita gente está sob suspeita por atos inacreditáveis de irresponsabilidade administrativa.
Não há como deixar de questionar porque convênios estaduais e federais não eram respeitados. Por que máquinas pesadas recém compradas não eram levadas para manutenção periódica? O Hospital Municipal, o órgão público mais usado de Bebedouro ficou meses sem o direito de fazer ligações telefônicas por falta de pagamento das contas. O lugar não virou caos porque enfermeiros, médicos, funcionários da área administrativa e até motoristas de ambulância usaram os próprios celulares. Sem falar na falta de fornecimento de combustíveis, remédios e precarização da frota municipal.
Enquanto isto, num inexplicável surrealismo político, a Feccib nova era palco de vultosos shows, com direito a camarotes para equipe de gabinete. Sem citar os Desfiles de Escolas de Samba, feitos como se Bebedouro fosse Paulínia, a cidade paulista favorecida pela abundante receita do petróleo.
Por isto, o relatório da Comissão de Transição deve ser encaminhado para o Ministério Público e ao Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. É urgente que aconteça a punição exemplar de cada pessoa envolvida na irresponsabilidade política praticada nos últimos anos, em Bebedouro.
É vital que aconteça o julgamento destas pessoas, com transmissão pelos meios de comunicação, da mesma forma com que foi noticiado o julgamento do Mensalão.
Este editorial deveria ser um texto de comemoração à posse do novo prefeito, vice-prefeito e vereadores. Não há clima para festa quando todos nós percebemos que a Prefeitura terá de ser reconstruída. Infelizmente, não será reconstruída com o dinheiro dos irresponsáveis, mas com a contribuição de todos nós, moradores de Bebedouro.
Publicado na edição n° 9492, dos dias 29 de dezembro de 2012 a 2 de janeiro de 2013.