

A mais antiga e uma das principais avenidas de Bebedouro, a Raul Furquim tem suas origens na primeira década do século passado, quando a cidade ainda era muito pequena, cujo crescimento seria acelerado com a recém instalação da ferrovia.
Conforme o pesquisador Arnaldo B. Christianini, foi em 1904, no mandato do intendente Cel. Rufino Lopes de Oliveira, que ocorreu sua abertura como uma “ruela precária, estreita, sem passeios laterais, com muito mato”, tendo ficado abandonada por muitos anos. Ainda não havia construções e, tampouco, iluminação.
Na década de 1920 o logradouro passaria por obras de melhoria, primeiramente na administração do prefeito Cel. Raul Furquim, que promoveu seu alargamento e nivelamento do seu leito. Posteriormente, em 1923, o prefeito Cel. Cícero Prates deu continuidade às obras, com a construção de calçadas e arborização na primeira quadra. Foi quando recebeu o nome de Avenida Raul Furquim, sem a inclusão do título honorífico “Coronel”.
Anos depois, no início de abril de 1952, por ocasião do falecimento do Cel. Raul Furquim, o então prefeito, dr. Pedro Paschoal, anunciou a inclusão da avenida no “pacote” de obras urbanas que estava em curso, como as praças Valêncio de Barros e Abílio Alves Marques, construção do Matadouro Municipal, agência do Correio e outras.
De fato, em 15 de outubro do ano seguinte ocorreria a inauguração da avenida remodelada, que passou por asfaltamento, arborização e iluminação. Conforme noticiou a Gazeta de Bebedouro daquela semana: “em meio de prolongada salva de palmas a exma. sra. d. Donina Valadão Furquim cortou a fita simbólica, falando logo após o jornalista José Francisco Paschoal. Ouviu-se então a palavra entusiasta do Deputado Cunha Bueno, falando a seguir, em nome da família Furquim, o dr, Paulo Furquim. Falou também, nessa ocasião, o Vereador sr. Antônio Martins Romero. Terminados os discursos, desfilaram garbosamente pela Avenida inaugurada o Tiro de Guerra no. 10 e as escolas de Bebedouro, antecedidos pela Corporação Musical “Pietro Mascagni”, de Jaboticabal”.
Sequencialmente, em março de 1955, com o início do loteamento de uma área de cerca de 10 alqueires para a formação do bairro “Jardim Paraíso”, foi anunciado o prolongamento da Raul Furquim até as linhas férreas da Cia. São Paulo – Goiás, que dariam lugar no início dos anos de 1970 ao leito da avenida dr. Pedro Paschoal.
No decorrer da década de 1960, a Raul Furquim recebeu nova iluminação, com postes de dois braços e lâmpadas fluorescentes, além do acréscimo de nova extensão, até o trevo da Rodovia para Catanduva (Comendador Pedro Monteleone). Posteriormente, com a inauguração do Hospital Júlia Pinto Caldeira, a avenida foi novamente estendida, até o leito da Rodovia da Laranja (Armando Sales de Oliveira).
Com as remodelações que ocorreram no decorrer de sua história, a avenida Raul Furquim tornou-se um cartão postal bebedourense, sendo o endereço de algumas das construções mais imponentes. Destaca-se também que foi em uma de suas esquinas, junto à rua Duque de Caxias, que foram construídos os dois primeiros edifícios de apartamentos da cidade, o Canadá e Itália, integrantes do Conjunto Residencial das Nações, inaugurado em outubro de 1983. Mais recentemente, além de novos edifícios de apartamentos a avenida passou a receber diversos estabelecimentos comerciais, escritórios, consultórios e outros tipos de serviços.
Raul Furquim:
Nascido em 2 de agosto de 1874, no distrito de Bom Jesus do Monte Verde, no Rio de Janeiro, mudou-se para São Simão em 1892, onde casou-se com Donina Valadão. Transferiu-se para Bebedouro em 1907, investindo na cafeicultura, inclusive com a instalação de uma grande máquina de beneficiar café e cereais, além de uma serraria. Sendo considerado o primeiro grande citricultor de Bebedouro, iniciou em 1931 com o plantio de 5 mil pés e em 1934 já havia cerca de 60 mil. No campo político, foi eleito e reeleito vereador no período entre 1915 e 1923, sendo escolhido para o cargo de prefeito municipal entre 15/01/1917 e 15/01/1921. No campo filantrópico, contribuiu com a fundação e manutenção da Santa Casa de Misericórdia, além de ter doado o terreno onde foi construído o Colégio Anjo da Guarda. Faleceu em 6 de abril de 1952, aos 78 anos.
(Colaboração de José Pedro Toniosso, professor e historiador bebedourense www.bebedourohistoriaememoria.com.br).
Publicado na edição 10.906, de sábado a sexta-feira, 22 a 28 de fevereiro de 2025 – Ano 100