O surgimento da imprensa escrita em Bebedouro ocorreu ainda no final do século XIX, com o lançamento do jornal “Cidade de Bebedouro” em 1899, tendo como editores Lucas Evangelista e Pedro Afonso Antunes. Embora se autodenominasse uma “publicação imparcial e semanal”, era notadamente um jornal situacionista, sendo constantes as loas aos líderes políticos da época.
Já no início do século XX, em 1902, surgiu a “Gazeta de Bebedouro”, sem nenhuma relação com esta, fundada em 1924. A primeira “Gazeta” tinha como redator o advogado Fausto Pereira e se autoproclamava um “Órgão do Partido Oposicionista Local”, sendo frequentes os litígios com as lideranças da situação, inclusive com o Cel. João Manoel.
Em 7 de outubro de 1906 ocorreu a estreia do “Jornal de Bebedouro”, órgão do Partido Republicano, sendo editor Lucas Evangelista e redator Fausto Pereira. Posteriormente tornou-se um “órgão independente”, com circulação até meados da década de 1930, sob a propriedade de Lucas Alvarenga Freire. Entre 1907 e 1909 circulou “A Comarca de Bebedouro”, sob a responsabilidade de Rafael Pulino.
Anos depois, em 1910, surgiu “A Vanguarda”, de propriedade de Basílio dos Santos, tendo passado por várias mudanças de proprietários, redatores e na linha editorial, pois inicialmente era “Órgão do Partido Republicano Conservador” e, posteriormente, um “Órgão Republicano Independente”. Com algumas interrupções, circulou até o início da década de 1950.
Em 1918 foi publicado “O Direito”, intitulado “Órgão Popular e Independente” sendo seus redatores Thomaz P. Guimarães, Francisco Velloso e Franco Junior. Em nova fase, a partir de junho de 1919, sob a direção de Francisco Velloso, anunciava-se como o jornal do povo e para o povo, tendo como lema a sentença latina Salus Populi Suprema Lex (A saúde do povo é a lei suprema).
Em junho de 1924 foi lançado aquele que se tornaria o mais longevo dos jornais locais, a atual “Gazeta de Bebedouro”, sob a direção de Lucas Evangelista. Em 1943, José Caldeira Cardoso (Juca Caldeira) assumiu a direção, sendo o jornalista responsável por 45 anos, até sua morte, em 1.988.
Na mesma década, em 1921, Francisco Velloso lançou a “Folha do Povo”, indicada como “Órgão dos interesses do município e desta zona”, “Pela Lavoura, Comércio e Indústria”, “Pela Justiça, Direito, Verdade e Ordem”. Circulou até 1922 e foi relançada em 1934 como “Órgão Imparcial e Independente”, sob a propriedade dos Irmãos Velloso.
Ainda nos anos de 1920 surgiu o “Diário de Bebedouro”, o primeiro de circulação diária, editado por Luiz Pinto da Rocha em 1926, Em maio de 1928 seria editado outro jornal com o mesmo nome, de propriedade de Guimarães & Cia., sendo Dr. José Veríssimo Filho o redator chefe.
Na década de 1930 foram lançados diversos jornais e entre eles, podem ser citados: “O Bebedourense” (1932-1934), que publicou muitas matérias sobre o movimento integralista; “Fraternidade” (1935), de tendência socialista; “Correio de Bebedouro” (1936-1941); “Nosso Jornal” (1936-1938), um “Órgão dos ferroviários da São Paulo-Goiás”; “Olympico” (1938), jornal esportivo; “O São Paulo Goyaz” (1940) um “Orgam de Ferroviarios, do Syndicato, Cooperativa da S.P.G. e defensor dos interesses da zona”, e a partir de 1944 como um “Órgão independente”.
“A Voz de Bebedouro”, lançada em 1958 como “Órgão municipalista”, era um veículo de apoio ao grupo político do dr. Pedro Paschoal. Entre 1961 e 1981 foi dirigido por Alfredo Gomes Areas e, depois, por Hely Simões, até o encerramento.
Nas primeiras décadas do século passado existiram vários periódicos de curta duração, como O Debate (1908), O Fanal (1910), O Lábaro (1912), A Opinião (1914), O Farol (1915), O Grito (1921), O Clarão (1928), O Esporte (1928), O Litro (1932), além de outros sem a identificação dos anos de publicação: O sindical, A Vida Social, O Cometa, O Século XX, O Leque, Correio D’Oeste, Bem-Te-Vi, O Cabuloso, Progresso, O Município, O Ferrão, Tribuna do Povo, O K Olho, O Ouro, O Avante, A Coisa, O Mercúrio. Entre as décadas de 1980 e 1990 circularam diversos jornais, tais como “Notícias Regionais” (1984); “Oportunidades e Negócios” (1988); “Hoje” (1988); “Jornal de Bebedouro” (1990); “Impacto” (1993); “Documento Diário” (1994).
Entre os jornais que estão em circulação atualmente em Bebedouro, a maioria foi lançada neste século, sendo esta Gazeta uma exceção, com 98 anos de trajetória, desde 1988 está sob a direção da jornalista Sarah C. P. Cardoso.
(Colaboração de José Pedro Toniosso, professor e historiador bebedourense)
Publicado na edição 10.689, de sábado a terça-feira, 6 a 9 de agosto de 2022.