Saúde pede socorro

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Números da contabilidade provam que a Prefeitura arca com mais da metade dos custos e falta ajuda do Governo de São Paulo.

No ano passado, dos custos de Saúde, a Prefeitura arcou com 65,55%, o governo federal com 32,55% e o governo estadual com apenas 1,90%. O quadro é parecido com de outras cidades, mas em Bebedouro, a situação fica mais grave porque há um Hospital que é municipal apenas em termos, porque atende toda região.
Também foi relevado o volumoso saldo positivo dos convênios, R$ 2,7 milhões distribuídos em diversas contas bancárias. É dinheiro destinado para, desde a compra de remédios para diabéticos até reforma e ampliação de postos de saúde. São recursos conquistados em 2009, mas que misteriosamente a gestão passada não os utilizou.
Porém, todas as verbas obtidas desta forma vêm com finalidade e tempo de utilização. Caso contrário, o dinheiro deve ser devolvido, como aconteceu em 2005, quando a gestão do ex-prefeito Hélio Bastos (PDT) conseguiu recursos para construção de lavandeira para o Hospital, mas passado um bom tempo, a verba teve de ser devolvida.
A falta de prestação de contas e a falta do uso do recurso arrebentam com a credibilidade política de Bebedouro. A cidade está com fama de que não presta contas do que gasta e que pede verbas, mas não as utiliza. Há risco dos ministérios repensarem, antes de aprovar novos pedidos.
Para piorar mais ainda, os órgãos federais poderão a qualquer momento, exigir a devolução dos R$ 2,7 milhões em caixa e bloquear novos convênios. Tudo por causa do impasse na construção da UPA Central. Por razões nebulosas, o Depto de Engenharia da gestão Italiano fez medições acima do que a obra tinha sido de fato, realizada. Do outro lado, a construtora contratada não quer executar o que falta, imediatamente. Uma solução seria a Prefeitura usar recursos próprios para concluir a obra. O caso vai parar no Ministério Público e, provavelmente, no setor policial. Mas, enquanto isto não é resolvido, a população paga caro em falta de estrutura pública de Saúde.
Estes números foram revelados na audiência de prestação de contas do último quadrimestre de 2012, realizada na manhã de segunda-feira (25), na Câmara de Vereadores. O horário da audiência não é convidativo para a participação da população, porém, nem quem teria obrigação de comparecer como os membros do Conselho Municipal de Saúde, estavam lá para acompanhar os números. Desta forma, a plateia compôs se basicamente de dois vereadores, Sebastiana Camargo (DEM) e Nasser Abdallah (PV), assessores parlamentares e de governo, funcionários da Saúde e apenas uma munícipe.
Há uma frase que se enquadra perfeitamente: “Para que o mal triunfe basta que os bons fiquem de braços cruzados”, dita pelo politico americano Edmund Burke. É exatamente o que tem acontecido em Bebedouro.