União e Governo SP devem dinheiro na Saúde

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 Prestação de contas do quadrimestre demonstra crescente gasto, boa parte arcado apenas pelo município.

O nome é audiência pública, mas na verdade quase ninguém comparece. Na manhã de segunda-feira (30), foram apresentadas as prestações de contas do Depto. de Saúde. Tirando os vereadores, assessores, jornalistas e servidores públicos, que ao todo não totalizavam 20 pessoas, mais ninguém compareceu. O que é uma pena, porque o assunto é de interesse da população, usuária do Sistema Único de Saúde.
Para exemplificar, basta falar dos gastos. Dos R$ 26,8 milhões de despesas do 2º quadrimestre deste ano, R$ 18, 8 milhões saíram dos cofres municipais, R$ 7,8 milhões do Governo Federal e o Governo de SP contribuiu apenas com R$ 275 mil. Com este quadro, em que constitucionalmente, a Prefeitura de Bebedouro deveria arcar com apenas 15% dos gastos com Saúde, o índice chega a 27%.
Muito estranha esta situação porque o cidadão mora no município e não no estado ou na União. Quando precisa de pronto socorro, remédios e tratamento, é na cidade que ele é atendido. Porém, quem deveria mandar o dinheiro, entrega-o em doses homeopáticas, chamadas popularmente de emendas parlamentares.
Não é o caso de perseguição política contra Bebedouro. Quem assistir às audiências públicas em Araraquara e Ribeirão Preto também ficará sabendo desta discrepância financeira.
Já foi escrito inúmeras vezes que o erro está lá em 1988, durante a Constituinte, quando foi elaborada a legislação de municipalização da Saúde. Com a cabeça cheia de ideologia, os parlamentares esqueceram (ou não quiseram), fazer a divisão correta dos recursos.
Infelizmente, ao ler este texto sem ter participado da audiência, para a maioria dos leitores, o assunto parece astrofísica. Por isto insistimos na necessidade de transmissão em rádio, internet e até telões em bairros sobre os números da Saúde. Somente assim, as pessoas entenderão o caos que vive o setor. E fica até irônico ver ex-ministros da Saúde, candidatos a governador ou presidente, falando de tudo, menos desta falta de ajuda aos municípios. A continuar esta situação, a única providência dos prefeitos é comprar mais ambulâncias, para enviar os doentes para hospitais mantidos pelo Estado e pela União.

Publicado na edição nº 9504, dos dias 1º e 2 de outubro de 2013.